terça-feira, 27 de março de 2012

O Caranguejo-Uçá nos Manguezais de Canavieiras

Monumento ao Caranguejo-Uçá na Ilha de Atalaia -
 Canavieiras-BA - Foto de Regis Silbar


O caranguejo-uçá é um dos símbolos de Canavieiras, tanto assim que o maior monumento erguido na cidade é justamente em sua homenagem. Este monumento fica na avenida que une a ponte que atravessa o Rio Patipe e a orla marítima da Praia da Costa, na Ilha de Atalaia. Ele é um dos pontos turísticos mais fotografados da cidade, pois é quase impossível um turista passar por ele sem ficar com uma recordação para a posteridade.

O caranguejo-uçá, ucides cordatus, tem uma coloração dorsal verde-azulada e as patas com coloração vermelha e a sua distribuição é do estado americano da Flórida até o sul do Brasil, sendo Canavieiras uma das regiões de maior concentração do crustáceo.

Ele, o caranguejo-uçá,  habita os manguezais e Canavieiras, tão rica neste tipo de vegetação, possui um eco-sistema, onde todos os tipos de caranguejo se sentem à vontade e, por isto, todos os canavieirenses têem o dever de conservar os seus manguezais e não devem seguir o exemplo dado pelo prefeito Almir Melo que cometeu um dos maiores crimes ecológicos do Brasil, aterrando o manguezal ao lado da Rua do Mangue.  

O caranguejo-uçá é tão importante para a cidade que, para ele, anualmente, há uma festividade intitulada Festival Nacional do Caranguejo, onde o crustáceo é saboreado em inúmeros pratos típicos sempre acompanhado de muita pimenta, como todo o baiano gosta.

Quem não se lembra do caranguejero, o homem que vendia caranguejo, muito comum há até algum tempo atrás e um dos tipos característicos da cidade. Ele andava pelas ruas com uma vara sobre os ombros onde, em cada lado, levava diversas cordas de caranguejos. Era só escolher a corda e pagar.

Infelizmente, periodicamente, está acontecendo grandes mortandades de caranguejo-uçá causadas por um fungo, sendo que, no ano de 2001 houve a primeira, e talvez a maior de todas, que abrangeu os municípios de Una e Canavieiras.      


Caranguejos-Uçá em Manguezal em Canavieiras-BA
 - Foto de Regis Silbar


terça-feira, 13 de março de 2012

Rua do Brejo, Uma Rua do Centro Histórico de Canavieiras

Rua do Brejo, Atual General Pederneiras, Vista a 
Partir do Cais do Porto - Canavieiras-BA  -  Foto
 de Regis Silbar 


A Rua do Brejo, em Canavieiras, hoje conhecida como Rua General Pederneiras, era, até meados da segunda metade do século passado, um vasto areal, que impedia, até certo ponto, o trânsito de veículos sem o possível risco de atolamento. A areia era branca, fina e solta, bem diferente daquela encontrada na Praia da Costa. Também era, em alguns pontos, coberta por um vasto tapete verde. Não era grama, era capim mesmo. Mas era bonito e dava um certo ar bucólico que encantava os olhos e dava paz ao espírito.

No início da Rua, próximo ao Cais do Porto, havia um febril comércio, com vários estabelecimentos dedicados à compra e venda de cacau e piaçava. Tinha muita gente, pois o porto, logo em frente, era muito movimentado, com muitas canoas trazendo cacau das fazendas para ser comercializado. Era nesta região que se localizava o centro comercial da cidade.

Naquela época, este trecho da Rua do Brejo, ainda não era, para aos canavieirenses, um Centro Histórico, mas o Conjunto Arquitetônico já despontava como um dos mais preciosos do sul da Bahia. 

Atualmente, mesmo como um importante Centro Histórico, os prefeitos não dão a mínima para a sua conservação, pois podemos ver diversas casas sendo reformadas sem o menor cuidado com as suas características originais. Tudo às barbas dos prefeitos de plantão, pois os prefeitos passam, mas o desrespeito com o Patrimônio Histórico da cidade continua.   

Alunos do Educandário São Boaventura, com a Professora
 Filuzinha à Direita, desfilando,  em  Meados  no  Século  
Passado,  pela Rua do Brejo, Coberta com um Manto de
 Capim - Foto de Arquivo Pessoal
     

terça-feira, 6 de março de 2012

Os Manguezais de Canavieiras e o Maior Crime Ecológico



Manguezal na Ilha de Atalaia em Canavieiras - Foto
 de Regis Silbar

Na década de oitenta do século passado um prefeito eleito sem dizer quais as suas verdadeiras intenções com a cidade, cometeu o maior crime ambiental de Canavieiras, da Bahia e talvez o maior crime ambiental em tempos recentes do Brasil: o aterro de um verdejante manguezal, com milhões de caranguejos, siris, aratus e guaiamuns.

Além disto, este manguezal servia de abrigo e pousada a diversas espécies de aves que coloriam o ambiente e davam aquele toque especial que encantava a todos que apreciam a natureza. Também este manguezal era habitado por diversas espécies de pequenos mamíferos que completavam o quadro da exuberante beleza que dele irradiava.

De repente, tudo isto deixou de existir, quando uma mente doentia, que comandava a cidade com o apoio de seus asseclas, cometeu este crime, já que era proibido, em todo o Brasil, a destruição de quaisquer manguezais, por eles serem santuário da vida marinha. Mesmo se não existisse esta lei, o bom senso deveria ter sido levado em consideração, pois não se deve destruir um um sistema biológico em sua quase totalidade por objetivos mesquinhos e contrários aos interesses da maioria.

Além da fauna, que foi dizimada durante a destruição do manguezal, a flora também foi muito prejudicada. Não foi feito nenhum estudo sobre o impacto ambiental que este aterro criminoso poderia originar, porém diante de tamanha barbaridade, o estudo seria irrelevante.

Hoje em dia a área aterrada não tem nenhuma utilidade pública. Tomara que continue assim, pois, quem sabe, um dia o mangue possa nela renascer. Para que isto aconteça, talvez seja necessário a construção de alguns canais para que a água do rio circule pelo aterro, ajudando a florescer os mangues que seriam plantados às suas margens.

A Passarela do Robalo, que nem deveria existir, mas existe, poderia ser conservada, atravessando o manguezal do Cais do Porto até a ponte que une a Ilha de Canavieiras à Ilha de Atalaia. Ela seria uma passarela ecológica, bem diferente da atual, pois ficaria em meio aos mangues, atravessando, através de pontes, os canais que seriam construídos para que o manguezal renascesse.     

Vocês sabem qual era a intenção deste prefeito, quando aterrou o manguezal que era patrimônio da cidade e de todo o povo de Canavieiras? Era o seu loteamento e posterior revenda dos lotes para a construção de imóveis de luxo. Isto não é mentira nem suposição, pois isto foi dito em entrevista dada pelo Sr. Almir Melo a uma revista editada em comemoração ao centenário da cidade, revista esta que traz na capa a Igreja de Santo Antônio do Atalaia.

Esse objetivo mesquinho não foi realizado graças às denúncias feitas aos órgãos competentes por canavieirenses com visão ecológica e sensatez. Foram estas denúncias que impediram que esta mente insana desse continuidade ao seu crime ambiental.

Este blog não é político, não tem objetivo de eleger ou impedir que alguém seja eleito, mas não pudemos deixar de nomear o autor deste ato tão mesquinho que foi o aterro de parte do belo manguezal  que emoldurava a Ilha de Canavieiras.  Tomara que nenhum outro prefeito de nossa cidade seja tão psicopata para tomar atitude semelhante no futuro.


Manguezal na Ilha de Atalaia em Canavieiras - 
Foto de Regis Silbar