Nossa Senhora d'Ajuda - Padroeira do Arraial d'Ajuda em Porto Seguro - Gravura de 1946 |
O mês de agosto no sul da Bahia era um mês muito esperado, pois neste mês era e ainda é festejada a santa padroeira de Arraial d'Ajuda: Nossa Senhora d'Ajuda. Era uma das mais animadas festas da Bahia, com milhares de pessoas, a maioria vindo de outras regiões, principalmente de outros lugares do sul da Bahia, norte do Espírito Santo e nordeste de Minas Gerais.
Nesta época muitos canavieirenses iam, em romaria, participar da festa, que começava em 6 de agosto e em 15 de agosto era o seu auge, com uma grande e faustosa procissão, onde milhares de pessoas louvavam a santa e agradeciam pelas graças recebidas.
Nossa Senhora d'Ajuda era uma santa muito rica, os fieis lhe ofertavam muitas peças valiosas: cordões e correntes de ouro, braceletes, coroas, cetros, candelabros de prata e também muitas propriedades. O patrimônio da santa era considerável, fazendo parte dela, inclusive, algumas fazendas de cacau.
O Santuário de Nossa Senhora d'Ajuda é considerado o mais antigo santuário católico do Brasil e, consequentemente, a sua festa, deve ser, logicamente, a mais antiga do Brasil.
Na primeira metade do século XX, a festa de Nossa Senhora d'Ajuda já tinha alcançado uma dimensão muito grande, com o arraial recebendo uma multidão de romeiros que ultrapassava muitas vezes a sua população.
As multidões se deslocavam a pé ou a cavalo, pois até meados da década de setenta do século XX, não existiam estradas interligando os municípios desta região. O pessoal de Canavieiras se deslocava pelas praias, passando por Belmonte, Mujiquiçaba e Santa Cruz de Cabrália. Era uma festa só, a caminhada demorava vários dias e várias amizades foram feitas, algumas para sempre.
Na subida da colina, havia e ainda há algumas salas que serviam para o banho dos romeiros, onde os chuveiros vertiam águas de uma fonte que era considerada milagrosa. Hoje está tudo desativado.
Quem conheceu o Arraial d'Ajuda na década de setenta e for lá nos dias atuais, verá que a diferença é grande, nada lembrando a cidadezinha colonial, pacata, no alto de uma colina, com vista para o mar.
Depois da década de oitenta, com a transformação que o arraial sofreu, devido ao grande fluxo de turistas, a festa foi ficando cada vez menor e os romeiros deixaram de comparecer para homenagear a santa e a festa foi ficando cada dia menor.