quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Tradições de Canavieiras - A Baiana do Acarajé

Baiana do Acarajé - Praia da Costa - Ilha de Atalaia
 - 1990 - Canavieiras-BA - Foto de Sabino Primitivo



Uma das tradições mais vivas de Canavieiras é a Baiana do Acarajé. Ela se veste solenemente com uma roupagem de origem africana, envolta em colares, pulseiras e outros adereços e um torço cobrindo os cabelos, geralmente da cor branca, em sua cabeça.

Essa personagem é  muito abundante em Salvador, capital da Bahia, mas em Canavieiras ela também tem a sua presença garantida, vendendo os quitutes tradicionais de origem africana, principalmente o acarajé.

É claro que, com o tempo, as coisas mudam e, hoje em dia, muitas baianas do acarajé, já não se vestem com as vestimentas tradicionais, mas, mesmo assim, continuam a vender seus saborosos acarajés.

O acarajé é feito com feijão fradinho sem a pele externa, cebola e sal. Depois ele é fritado em azeite de dendê e, para quem gosta, muita pimenta misturada com o recheio, que pode ser vatapá, camarão seco, caruru e outras coisas mais, à gosto de freguês.

Quando você for a Canavieiras, não deixe de saborear um bolinho de acarajé, que geralmente começa a ser vendido ao entardecer. Mas não se esqueça da pimenta, ela é deliciosa neste petisco.


Baiana do Acarajé - Anos Iniciais do
Século XX 







quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Os Diamantes nas Terras de Aluvião da Foz do Rio Pardo em Canavieiras


Lavra de Diamantes no Rio Salobro, em terras
pertencentes ao Município de Canavieiras nos
Séculos XIX e XX - Foto Colorizada por Regis
 Silbar


Todo mundo sabe que Canavieiras, no sul do Estado da Bahia, já foi, no passado, um grande produtor de diamantes, provindos, principalmente do Rio Salobro, um pequeno afluente do Rio Pardo.

Tudo começou no final do Século XIX, quando os primeiros diamantes foram descobertos e provocou uma corrida de garimpeiros para a região, a procura de uma maneira rápida de fazer fortuna, alguns conseguiram, mas a maioria não. Mas isto é comum em todos os garimpos e também foi comum em Canavieiras.

No final do século XIX a cidade de Canavieiras ainda era tímida e acanhada, mas com o dinheiro dos diamantes, a cidade se modernizou, construiu os prédios históricos do Cais do Porto, o belo prédio da Intendência Municipal, hoje prefeitura e a Cadeia Pública, hoje Biblioteca Municipal.

Foi contratado um arquiteto para planejar na prancheta as largas ruas da cidade e os casarões dos coronéis do cacau começaram a despontar por toda a cidade.

O garimpo andava a todo vapor, pedras e mais pedras eram encontradas, quase todas elas com tamanhos de até um quilate, porém, foram encontradas pedras com que variavam  entre quatro e sete quilates.

Um grande diferencial dos diamantes da região do Rio Salobro, em Canavieiras, eram as cores das gemas encontradas, que variavam, em sua coloração, do amarelo ao azul, do champanhe ao marrom passando pelo vermelho e tinham alto valor comercial por sua beleza.

Os diamantes eram fáceis de serem garimpados quando eram encontrados no Rio Salobro, que era, e ainda continua ser, um rio pouco caudaloso e que, com a batela, era fácil ir até o fundo do leito do rio e enchê-la com cascalhos, para depois, procurar os diamantes até encontrar algum.

E depois que os diamantes passam pelo Rio Salobro carregados pela correnteza, para onde eles vão? Ora, eles vão para o Rio Pardo, um rio muito mais largo e profundo, onde o garimpo, feito pelas maneiras tradicionais, se torna muito mais complexo, dificultando, assim, a sua mineração.

Já no Rio Pardo, os diamantes são levados pela correnteza, junto com as terras de aluvião, até a sua foz, onde por sua vez, são levados até mais um pouco adiante, se depositando na plataforma continental, próximo à Praia da Costa, onde, esporadicamete, são levados até às areias da praia, junto à linha de arrebentação.

Isto não é segredo para ninguém, tanto assim que a J. Mendo, através do contrato nº 48000.003155/2007-17, fez com o Ministério de Minas se Energia para o Desenvolvimento  de Estudos para Elaboração do Plano Duodecenal (2010-2030) de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, um plano de estudo para futura exploração.

Há alguns anos, andando pela Praia da Costa, me deparei com algumas pedras pequenas, parecendo pedaços de vidro meio amarelados, que me chamaram bastante a atenção e, por isso, as apanhei e guardei e, depois de algum tempo, conversando com uma pessoa que entendia de pedras, fiquei sabendo que eram pequenos diamantes brutos. As pedras estavam a pouca distância uma das outras.

Foi isso que me levou a pesquisar e escrever este artigo, pois é difícil imaginar que diamantes estariam esperando serem recolhidos à beira da praia. 



       



  

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Cachoeira do Tombo de Areia em Pau Brasil - Antigo Território de Canavieiras

Rio Pardo e a Cachoeira do Tombo de Areia - Pau
Brasil-BA -  Antigo Território de Canavieiras  - Foto
de L. Garcia em 1919


Canavieiras, a Princesinha da Costa do Cacau, já teve, em épocas passadas, um vasto território que deu origem a muitos municípios e, entre eles está o município de Pau Brasil, que em em 19 de abril de 1962 foi desmembrado de Canavieiras.

Pau Brasil nasceu com o nome de Povoado de Santa Rosa e foi fundado em 1936 em uma área de Floresta Atlântica propícia à cultura do cacau e com muitas árvores de pau-brasil em seu território.

O Rio Pardo que deságua no Oceano Atlântico banha o município e, nesta região específica, há muitas corredeiras e cachoeiras e, entre as quais a Cachoeira do Tombo de Areia.

A Cachoeira do Tombo de Areia é uma das principais atrações turísticas da cidade e, atualmente, para se chegar até ela basta seguir por uma estrada encascalhada.

Essa cachoeira já chamava bastante atenção por sua beleza desde os tempos em que foi descoberta, inclusive, tendo o fotógrafo L. Garcia a imortalizado através de sua arte  no ano de 1919.           




segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Conservando a Memória de Canavieiras IV - A Inauguração da Ponte de Palitos Sobre o Rio Cipó




Inauguração  da  Ponte  de  Palitos  sobre  o Rio Cipó
em 25-05-1953 - Canavieiras-BA  -  Foto de Teophilo
Mourranhy - Foto Original Corroída pelo Tempo




Inauguração  da  Ponte  de  Palitos  sobre o Rio Cipó
em  25-05-1953 -  Canavieiras-BA - Foto  de  Teophilo
Mourranhy e Restaurada Digitalmente por Regis Silbar



Inauguração  da  Ponte de Palitos sobre o Rio Cipó
em 25-05-1953 - Canavieiras-BA - Foto de Teophilo
Mourranhy - Restaurada e Colorizada Digitalmente
 por Regis Silbar 









































domingo, 22 de setembro de 2019

O Avião Dornier Wal do Kondor Syndicate no Rio Pardo, em Canavieiras, Para Reabastecimento

Hidroavião alemão Dornier Wal estacionado para
reabastecimento  no  Rio Pardo  em novembro de
1927 - Canavieiras-BA



Em Canavieiras, devido às tranquilas águas do Rio Pardo e ao importante porto que existia na cidade, onde navios de porte deixavam grandes quantidades de combustíveis em seus depósitos, a cidade era um ponto de referência para o abastecimento de aeronaves, tanto as que percorriam os céus do Brasil como também as procedentes do exterior.

Uma destas aeronaves era o hidroavião alemão Dornier Wal que, em 1927 amerrissou no Rio Pardo para se abastecer de combustível e continuar a voar até o seu destino final, que era a cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil.

Este avião pertencia a companhia aérea alemã Kondor Syndicate que, depois de algum tempo, teve a sua ramificação brasileira nacionalizada com o nome de Sindicato Condor que, posteriormente passou a se chamar Serviços Aéreos Cruzeiros do Sul que foi comprada e depois de certo tempo incorporada à VARIG.

Foram fabricadas cerca de 300 aeronaves deste modelo que voaram em todos os continentes e tiveram uma longa duração em vida útil e percorreram milhares de quilômetros até se aposentarem definitivamente.

sábado, 21 de setembro de 2019

O Carroceiro e o Decadente Cais do Porto de Canavieiras na Década de Setenta do Século XX

Cais do Porto - Esquina da Rua do Brejo - Década de
Setenta  -  Em Primeiro Plano Casa das Sete Portas -
Canavieiras-BA



Canavieiras a Princesinha da Costa do Cacau, nem de longe lembra a decadência por que passou o seu Cais do Porto na década de setenta do Século XX. Era de se dar pena, com o casario hoje centenário, em condições lastimáveis, com pinturas corroídas pelo tempo  e com um ar de abandono que era visto por todos e todos nada faziam para melhorar a aparência dos prédios que hoje são considerados históricos e são uma preciosidade dos tempos em que o cacau fazia a riqueza da cidade.

Nestes tempos ainda passavam muitas carroças com os seus carroceiros levando cargas e transportando mercadorias, fazendo com que a cidade ainda mantivesse a aparência de uma cidade que o tempo não deixou passar os anos.

Na década de setenta a cidade ainda não dispunha de um número suficiente de carros e, como o Cais do Porto era o ponto onde ainda se concentrava a maior parte do movimento da cidade, uma grande parte da população ia para lá a pé ou então de carona em alguma carroça que ia apanhar mercadorias no Cais do Porto, já que ainda, neste tempo, o tráfego de canoas era muito grande e eles traziam uma grande parte da produção das fazendas para o consumo da população da cidade.

Agora, em pleno Século XXI, com o Cais do Porto revitalizado, o local se tornou um grande ponto de interesse turístico da cidade, com um sem número de bares e restaurantes e com um pequeno museu particular, onde todos podem entrar sem nada pagar e aproveitar o momento para comprar alguma lembrança nas lojinhas que ficam dentro do museu.

Quando você for a Canavieiras, com certeza irá visitar o seu Cais do Porto, um lugar que nos remete ao passado, onde os coronéis do cacau desfilavam com os seus ternos importados de Paris e onde, também, havia o outro lado, com dezenas de barqueiros e carregadores de cacau exibindo as suas roupas rotas e trabalhando de sol a sol. 

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

O Dia Mais Frio da História de Canavieiras

Praia da Costa em Canavieiras no Inverno de
2017 - Foto de Regis Silbar



Canavieiras, embora esteja localizada no nordeste brasileiro, em uma latitude bem considerável, com temperatura amena o ano inteiro, também tem os seus dias de Santa Catarina, com muito frio, parecendo até Florianópolis em dia de friaca.

Foi no dia 9 de agosto de 2017 que a temperatura desceu a níveis nunca vistos, chegando à mínima de 12 graus Celsius e com a sensação térmica de 7 graus Celsius, fazendo com que todos tremessem de frio à noite.

O pior foi que o frio começou muito antes desta data e terminou muito depois. Foi um frio tão intenso que, para ir à praia, só para apreciar a natureza, foi preciso usar casaco de frio e calça de moleton, mas mesmo assim o frio continuava a incomodar.

Na cidade, o dia inteiro, todos andavam agasalhados, dando um ar diferente à cidade onde, normalmente, todos andam à vontade. Passado um tempo, tudo voltou a ser como antes, com um calorzinho normal, regado a cerveja ou a água de coco.

Quando for a Canavieiras, no inverno, sempre leve uma roupa de frio pois, não é sempre, mas de vez em quando acontece uma friaca, que é realmente uma calamidade para a cidade.