quarta-feira, 28 de setembro de 2016

O Triste Fim do Cruzador Bahia: Torpedeado por um Submarino Alemão a Caminho de Buenos Aires

Cruzador Bahia em Postal Datado de Março de 
1929 - Arquivo Pessoal


Durante a Segunda Guerra Mundial o Cruzador Bahia sempre navegava próximo ao litoral brasileiro para evitar que os submarinos alemães, que já tinham torpedeado vários navios mercantes, o levasse a pique antes de cumprir as suas missões em alto-mar. Das praias de Canavieiras, ele poderia ser visto, se o tempo permitisse, navegando para o norte do Brasil.

Ele foi construído no Reino Unido por Armstrong Whitworth e foi comissionado em maio de 1910 e apenas seis meses depois o navio já estava participando da Revolta da Chibata no Rio de Janeiro, ameaçando bombardear a cidade se suas exigências não fossem cumpridas. Entre as suas exigências, a principal delas era o fim dos castigos corporais impostos aos marinheiros (chibatadas).

Um navio comissionado é um navio considerado pronto para o serviço. Antes de ser agraciado com este título, no entanto, um navio deve passar por vários marcos.

Em meados de 1920 o Cruzador Bahia foi amplamente reformado, passando a ser movido a óleo diesel ao invés de carvão e ganhou, também, mais uma chaminé, passando a ter três, ao invés das duas originais. Também, nesta reforma, o cruzador ganhou novos armamentos. 

O Cruzador Bahia cooperou, na Primeira Guerra Mundial, participando da Divisão Naval em Operações de Guerra, sediada em Serra Leoa e Senegal, escoltando navios mercantes e os que transportavam armas e mantimentos para as regiões em guerra. Este patrulhamento se dava em áreas fortemente guarnecidas por U-Boots (este termo em inglês era usado para designar quaisquer submarinos alemães na Primeira e na Segunda Guerra Mundial e em alemão era usado para designar quaisquer submarinos, não importando a nacionalidade).

Cruzador Bahia no Porto de Buenos Aires na Argentina em
Postal Datado de 09-09-1931 - Foto de Arquivo Pessoal 


Na Segunda Guerra Mundial o Cruzador Bahia participou de operações de escolta de comboios na Campanha do Atlântico, navegando mais de 100.000 milhas náuticas em quase um ano de operações. 

Quando terminou a Segunda Guerra Mundial, o Cruzador Bahia foi designado para participar como uma das estações navais - Estação Número 13 - próxima aos Penedos de São Pedro e São Paulo - que iriam monitorar os aviões que estavam deixando a Europa  rumo ao Canadá e Estados Unidos, transportando os soldados que participaram da guerra de volta aos seus lares.

No dia 4 de julho foi ordenada a realização de exercícios de tiro e, para isso, jogaram ao mar, um alvo para ser atingido pelas metralhadoras durante os exercícios, mas antes de dos exercícios começarem o navio foi atingido por explosões que o levaram a pique, estando, atualmente, repousando a mais de 1000 metros sob a superfície marinha.

Provavelmente, o Cruzador Bahia foi levado a pique por algum submarino alemão que estava se dirigindo a Buenos Aires e se sentiu ameaçado com a presença do navio brasileiro. Esta versão atualmente é a mais aceita, pois, conforme relato dos sobreviventes, os exercícios de ainda não tinham começado quando ocorreram as explosões. Como se sabe, a Argentina serviu de refúgio aos nazistas que fugiram da Alemanha após serem derrotados pelas forças aliadas e, nenhum deles chegou de navio ou avião à Argentina. Todos chegaram de submarinos e o Cruzador Bahia estava justamente nas suas rotas.

Deste naufrágio morreram 339 tripulantes, sendo quatro de nacionalidade americana. Só se salvaram 36 marujos, que foram recolhidos pelo navio mercante inglês S/S Balfe no dia 8 de julho, depois dos sobreviventes ficarem 4 dias sob o sol sem comida e sem água.

Cruzador  Bahia  na  Baia  de  Guanabara  -  Rio  de 
Janeiro - em Bilhete Postal - Foto de Arquivo Pessoal


Outra versão, de acordo com o relato de Jane Maria Perraro, filha de um sobrevivente, o Cruzador Bahia já tinha tido problemas com a caldeira logo após atravessar a Linha do Equador e, de noite ou de madrugada,  se deu o naufrágio, ocasionado por uma forte explosão em uma das caldeiras do cruzador. O pai dela, na hora da explosão, estava em serviço, pois era operador de sonar. Quase toda a totalidade da tripulação, devido ao horário, estava dormindo ou descansando, em pontos do cruzador em que não era possível o salvamento após um naufrágio que, quase com certeza durou poucos momentos.

A maior parte da tripulação não conseguiu se salvar. O pai da nossa relatante, um dos poucos que tiveram a sorte de se salvar, se jogou ao mar e conseguiu embarcar em uma das balsas do cruzador que aparentemente se soltou do navio em razão do deslocamento de ar na hora da explosão, pois como o naufrágio foi rápido, não daria tempo de soltar as amarras das balsas salva-vidas, pois de houvesse tempo, boa parte da tripulação teria sido salva.

Depois de, por volta de sete dias à deriva, o pai da nossa relatante conseguiu chegar são e salvo ao litoral de Recife, em Pernambuco.

Estes fatos foram relatados muitas vezes pelo sobrevivente à sua filha,

 inclusive no dia do seu falecimento e que agora fica, com o seu testemunho, para a posteridade.


Cruzador Bahia  em  Postal Datado de  1929 -
Arquivo Pessoa  - Colorizado por Regis Silbar 

terça-feira, 27 de setembro de 2016

A Lavra de Diamantes no Rio Salobro em Canavieiras no Século XIX

Lavra de Diamantes no Rio Salobro em Canavieiras
 no Século XIX - Foto de Arquivo Pessoal


Canavieiras, no Século XIX, vivia o auge do frenesi da garimpagem dos diamantes do Rio Salobro, afluente do Rio Pardo, bem próximo à cidade, que na época já era um grande produtor e exportador de cacau, que chegava em barcas das fazendas até o Porto Grande, próximo à foz do Rio Pardo.

Nesta época, Canavieiras borbulhava de pessoas vindas dos mais diversos rincões do país, todas procurando a riqueza fácil e imediata que só uma grande e puríssima pedra de diamante pode proporcionar ao felizardo que a encontrar.

Foi no final do Século XIX e início do Século XX que Canavieiras se viu inundada de dinheiro, proveniente da garimpagem de diamantes e da cultura do cacau, que na época alcançava grandes preços nos mercados internacionais.

E foi com este dinheiro fácil que a cidade se embelezou, dando início às construções da Prefeitura Municipal e da Cadeia Pública, bem como as primeiras residências dignas dos coronéis do cacau que, nesta época, começavam a se proliferar na região.

A Igreja de São Boaventura é uma das últimas grandes obras financiadas com o dinheiro fácil da lavra dos diamantes no Rio Salobro, sendo ela uma das mais belas construções religiosas de todo o sul da Bahia.

Há de se notar que a riqueza desta época foi canalizada tão e somente para os grandes capitalistas da cidade, ficando, os garimpeiros, que trabalhavam sem parar sob o sol quente e rodeado de insetos atormentadores, com a menor parte do lucro auferido e, em alguns casos, sem nada.

Os garimpeiros trabalhavam diretamente nas águas do Rio Salobro, recolhendo o cascalho com as suas bateias para, depois, verificarem se alguma pedra de valor ficou ali, aguardando ser recolhida para fazer a sua felicidade.

Muitas pedras de alto valor foram encontradas. Fortunas foram feitas e muito sangue correu pelas águas do rio. A cidade cresceu rapidamente. O progresso chegou junto com a confusão causada pelos desordeiros comuns em todo garimpo. Finalmente as pedras acabaram e o garimpo chegou ao fim.     

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

A Ponte da Bahiana da Companhia de Navegação Bahiana em Canavieiras

Ponte da Bahiana - Porto Grande - Rio Pardo
 - Canavieiras-BA - Agosto de 1990 - Foto de
 Regis Silbar 


A Ponte da Bahiana de Canavieiras, a Princesinha do Sul, na Costa do Cacau, no sul do Estado da Bahia, ficava no Porto Grande, no Rio Pardo e era destinada ao recebimento dos navios da Companhia Bahiana de Navegação, na época, uma das maiores empresas do ramo no Brasil.

A Ponte da Bahiana, realmente, não era bem uma ponte, mas um trapiche, mas era costume, naquela época, na Bahia, designarem os trapiches de ponte. Mas isto não vem ao caso, o que importa mesmo é que esta ponte/trapiche serviu à cidade de Canavieiras durante um longo período de sua história.


Paquete Cachoeira na Antiga Ponte da Bahiana
 no Porto Grande - Rio Pardo  -  Ano de 1965  - 
Foto de Arquivo 


A Ponte da Bahiana foi demolida quando da revitalização do Centro Histórico da cidade. É uma pena, pois a referida ponte/trapiche também fazia parte da história da cidade, pois ficou a receber navios para o embarque do cacau, durante muito tempo, fazendo a economia da cidade florescer com a exportação do produto.

Hoje, no Rio Pardo, só sobrou a Ponte do Lloyd, que é uma das Sete Maravilhas de Canavieiras e também servia para o embarque do cacau, a grande riqueza da cidade, e também de outras demais mercadorias além de passageiros, pois naquela época quase não existiam estradas ligando Canavieiras a outros lugares.  


Ponte da Bahiana, Provavelmente em 1999/2000
 - Canavieiras-BA 

terça-feira, 20 de setembro de 2016

As Antigas Cores das Fachadas da Prefeitura Municipal de Canavieiras Através dos Tempos


Prefeitura Municipal de Canavieiras - Foto de 
Arquivo Pessoal


A Prefeitura Municipal de Canavieiras inaugurada no final do Século XIX é uma das joias da arquitetura do cacau e uma das Sete Maravilhas de Canavieiras, ela foi fruto da riqueza que havia em abundância proveniente dos diamantes do Rio Salobro e da cultura do cacau às margens do Rio Pardo.

Ela, quando foi inaugurada, imperava em uma larga e comprida praça onde o capim-cipó se derramava sobre as areias finas e brancas como se fosse um tapete verde sobre pequeninas e bem minúsculas pérolas que o tempo deixou ali para ficar.

Prefeitura Municipal de Canavieiras


Não sei a cor original da Prefeitura Municipal de Canavieiras, mas ela poderia ser verificada pesquisando as camadas de tintas sobrepostas. A primeira camada seria a da cor original que, de certo modo, deveria ser restabelecida para que o projeto voltasse à sua originalidade.

Durante todos estes anos, desde a sua inauguração, a Prefeitura Municipal de Canavieiras já teve as suas fachadas com as mais diferentes tonalidades, algumas de bom gosto outras não, mas ela sempre foi muito bem bem tratada por todas as administrações que passaram pela cidade.


Prefeitura Municipal de Canavieiras


Quando nos referimos às fachadas, ao invés de fachada, estamos nos referindo aos quatro lados do maravilhoso prédio da Prefeitura Municipal de Canavieiras, já que ele foi construído em centro de terreno, pois além da fachada frontal, ele tem a fachada traseira e as fachadas laterais.

Na primeira foto, em preto e branco, a cor da fachada era constituída por um grená escuro nas partes centrais e da cor branca servindo como moldura. Não sabemos se esta era a sua cor original, mas o contraste destas cores davam uma beleza sem igual ao monumento.

Prefeitura Municipal de Canavieiras


Com o passar dos anos a Prefeitura Municipal de Canavieiras foi sendo pintada com outras cores, sendo, sempre, no máximo duas, uma nas partes centrais e a outra servindo como moldura, nas colunas e no entorno das janelas e nas partes mais salientes da fachada do prédio.

No alto do prédio, toda colorida, as Armas da República dão um toque todo especial ao monumento mais emblemático de Canavieiras, comunicando a todos que a cidade esta situada na República Federativa do Brasil que, embora corrupta, é a nossa pátria.   
Prefeitura Municipal de Canavieiras - Foto de 
Regis Silbar


Atualmente, a Prefeitura Municipal de Canavieiras, está pintada em três cores, verde, grená e branca, tentando representar a bandeira da cidade. No entanto a pintura do prédio da prefeitura tem tonalidades diferentes, pois o verde não é o mesmo da bandeira e nem o grená, pois na bandeira esta cor não existe, mas sim o vermelho.

Mas, no entanto, esta mistura de cores também realça a beleza da Prefeitura Municipal de Canavieiras, que está situada no coração do Sítio Histórico e é uma beleza aos olhos de que a vê. Você, turista, não deixe de conhecer este magnífico prédio quando for a Canavieiras. 

Prefeitura Municipal de Canavieiras







quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Vale Postal Emitido Pelos Correios de Canavieiras em 1918

Vale  Postal  Emitido em  4 de Setembro  de 1918  
Pelos Correios de Canavieiras no Valor de Três Mil
 e Quinhentos Reis 


Há muitos e muitos anos atrás o meio mais conveniente e rápido de se encaminhar dinheiro de uma praça para outra era o Vale Postal, que eram emitidos pelas agências dos correios, e tinham um grau de segurança sem contestação.

A agência dos correios de Canavieiras também emitia estes vales postais e uma prova viva e rara destes tempos é o Vale Postal emitido a favor da Livraria Cantilina, em Salvador, em 4 de setembro de 1918, a pedido do professor Durval Cândido Lima.

Vale Postal Recebido em 10 de Setembro de 1918
  Pela Livraria Catilina, em Salvador, no Valo de Três
 Mil e Quinhentos Reis 

A Livraria Catilina ficava em Salvador e foi fundada em 1835 e funcionou ininterruptamente até 1960 e publicou obras de Ruy Barbosa, Castro Alves e Carneiro Ribeiro, portanto, além de livraria foi uma editora de grandes escritores e poetas nacionais.

Hoje em dia quase ninguém mais usa o correio para transferir dinheiro de uma praça para outra, já que os bancos, com agências em quase todas as cidades do país, fazem este serviço com muito mais rapidez, inclusive com crédito imediato em conta corrente.



Fotografia Publicada na Revista Fon-Fon
 de Julho de 1920 - Ano XIV - nº 27



domingo, 11 de setembro de 2016

Antes e Depois - O Prédio da Previdência Social em Canavieiras

Prédio da Previdência Social em Canavieiras na 
Tradicional  Rua  do  Mangue  -  Atual  Rua  Rui 
Barbosa - Foto de Regis Silbar


No Largo de São Boaventura, continuação da tradicional Rua do Mangue, hoje denominada Rui Barbosa, em Canavieiras, há um prédio onde atualmente funciona a Previdência Social do INSS, contribuindo para a qualidade de vida da cidade, evitando que os beneficiários do instituto se desloquem para outras cidades em busca de atendimento.

Este prédio já existe há muitas décadas, fazendo parte da paisagem da Rua do Mangue desde a primeira metade do Século XX, quando ainda Canavieiras só tinha uma única rua pavimentada: a Rua dos Artistas ou Rua Treze, como também ainda é chamada.

Ele ficou muito tempo em ruínas, servindo de anteparo para pichações de políticos que não se incomodavam em sujar a cidade, tornando-a mais feia para tentar alcançar os seus objetivos eleitorais. Triste tempo em que a "certeza do progresso" era medido pelo número de pichações (leia na foto abaixo o lema do falecido político autor da pichação).

Hoje em dia, o prédio, já recuperado, desempenha uma nobre função, servindo como posto da previdência social em nossa cidade. Tudo muito bonito, mas com uma observação a fazer: onde está a bandeira da cidade, que deveria estar ao lado da bandeira nacional?

Antes  Abandonado  e  em  Ruínas  -  Prédio Onde 
Hoje Funciona a Previdência Social em Canavieiras
 - Veja as Pichações Eleitorais

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Os Jumentos e a Cultura do Cacau em Canavieiras e no Sul da Bahia

Tropa de Jumentos com Carregamento de Cacau 
para Ser Embarcado em Barcaças em Direção ao
 Porto para Exportação


Do final do século XIX até quase o final do século XX, quando a cultura do cacau representava quase a totalidade da economia da Costa do Cacau, não existia estradas e o único caminho para o cacau deixar as fazendas era através dos rios da região que, por sinal, são muitos e caudalosos, permitindo, assim, que grandes barcaças navegassem facilmente em suas águas.

Mas, para o cacau ser transportado até a beira dos rios, onde as barcaças ficavam ancoradas, o único meio de transporte que havia eram os jumentos e, por isso, eles eram criados em grande quantidade para esta finalidade.

Esses animais eram muito úteis, pois além de carregar grandes quantidades de sementes sem reclamar, eles também podiam, com facilidade, transitar entre os pés de cacau, o que era impossível, naquele tempo, para outros meios de transporte.

Era muito comum que tropilhas de jumentos se locomovessem em grandes distâncias, carregando as sementes de cacau de fazendas até a beira dos rios para serem embarcadas e transportadas para os portos da região, que estavam localizados em Ilhéus, Una, Canavieiras e Belmonte.

Em Canavieiras, o porto estava localizado no Rio Pardo e era chamado de Porto Grande, como ainda o é nos dias de hoje. Este porto recebia navios pequenos e médios, já que o Rio Pardo permitia, por sua profundidade, a navegação destes navios.

Como o atracadouro das canoas e barcaças ficava também no Porto Grande, tudo se resolvia ali mesmo com facilidade, porque as casas especializadas na negociação das sementes também se localizavam próximas ao porto. Logo depois as sacas com das sementes eram guardadas em armazéns para serem embarcadas nos navios em direção aos centros consumidores.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

O Pelourinho do Centro Histórico de Canavieiras

Pelourinho com Escravo Sendo Açoitado - Gravura Capturada
na Internet - Canavieiras Já Teve Um em Seu Centro Histórico


Canavieiras, no sul da Bahia, já teve, em seu passado, os seus dias sombrios, quando, na cidade, a escravidão era adotada e praticada com todas as maldades e atrocidades que o ser humano é capaz de praticar.

Quando a cidade se tornou autônoma, isto é, passou a ter um intendente (prefeito) e uma câmara municipal, um dos assuntos mais discutidos foi a construção de um pelourinho para punir os escravos desobedientes na visão de seus proprietários. Entre as muitas propostas postas em discursão a construção de um Pelourinho foi prioritária e alvo de diversas sessões e foi o primeiro a erguido pela nova administração da cidade emancipada.

Essas reuniões da câmara municipal para examinar a construção do Pelourinho foram feitas em sessões realizadas em 24 e 26 de julho e 21 de outubro de 1834, em 22 de julho de 1835 e 18 de janeiro de 1836, quando finalmente ele foi construído.

A sua localização, com certeza, foi no Centro Histórico da cidade, mas a sua localização precisa foi perdida com o passar dos anos, a não ser que algum documento, não divulgado, dê, com precisão, a sua localização.

Felizmente, quando começou a civilização do cacau, a escravidão no Brasil já tinha sido extinta pelo ato heróico da Princesa Isabel e, assim, apenas as pessoas livres participaram desta nova saga que deu riqueza à cidade. 

Hoje em dia, Canavieiras, a Princesinha do Sul, está livre desta mancha do seu passado e toda a sua população é igual perante a lei de Deus e dos homens, com todos participando, em pé de igualdade, com os ideais humanitários e construindo, com certeza, o futuro de Canavieiras. 

 

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

A Cidade Perdida da Bahia Fica em Canavieiras?

Página 1 do Manuscrito 512 - Digitali-
zado pela Biblioteca Nacional do Brasil 

Página 2 do Manuscrito 512 - Digitali-
zado pela Biblioteca Nacional do Brasil 


Em 1753 foi elaborado um manuscrito em forma de carta detalhando minuciosamente as ruínas de um grande e desabitado povoado, repleto de construções em forma arcos, pirâmides, obeliscos e casas se comunicando entre si e muitas inscrições de origem desconhecida, talhadas em pedras que se espalhavam pelo povoado.

Este manuscrito foi enviado às autoridades, provavelmente sediadas em Salvador, então capital do Brasil colonial. Com a chegada da Corte Portuguesa, toda a documentação do reino, arquivada em Salvador, foi transferida para o Rio de Janeiro, que ficou sendo a capital do Reino Unido Portugal, Brasil e Algarves.

Este manuscrito, hoje denominado "Manuscrito 512", ficou esquecido por quase um século, até que em 1839 foi encontrado casualmente pelo naturalista Manuel Ferreira Lagos entre os documentos arquivados na Biblioteca Pública da Corte, hoje Biblioteca Nacional do Brasil, sediada no Rio de Janeiro.



Página 3 do Manuscrito 512 - Digitali-
zado pela Biblioteca Nacional do Brasil


Página 4 do Manuscrito 512 - Digitali-
zado pela Biblioteca Nacional do Brasil


Este manuscrito, quando descoberto, causou um enorme reboliço nos meios científicos do Brasil e várias expedições foram promovidas a fim de descobrir a localização da cidade e suas riquezas, já que foi encontrada, em suas ruínas, uma moeda de ouro, de origem desconhecida, com a imagem de um rapaz segurando um flecha.

Mas nada foi encontrado, pois naqueles tempos não existia os meios hoje existentes para a determinar a localização exata de qualquer lugar. Também não existia outros pontos de referência como cidades ou vilas nas proximidades, o que deveria facilitar a localização. A descrição foi feita através de pontos geográficos, tais como montanhas, cachoeiras e rios, todos eles sem nome, já que as explorações ainda estavam se iniciando e os acidentes geográficos ainda não tinham denominação.

Em 1849, a revista Razão, editada em Canavieiras, no sul da Bahia, publicou uma nota na qual o Brigadeiro José da Costa Bittencourt Câmara afirmava que o Manuscrito 512 era apócrifo, insinuando que ele não tinha nenhum valor. Ora, este brigadeiro não tinha razões para conhecer ou desconhecer os fatos porque, inclusive, não era nem ligado aos meios científicos nem pesquisador, muito menos explorador ou estudioso do assunto, assim, a sua opinião não acrescenta nada à versão do Manuscrito 512.


Página 5 do Manuscrito 512 - Digitali-
zado pela Biblioteca Nacional do Brasil


Página 6 do Manuscrito 512 - Digitali-
zado pela Biblioteca Nacional do Brasil 

Este documento - Manuscrito 512 - foi elaborado por uma das bandeiras - grupo de aventureiros que se dispunham a percorrer o Brasil em busca de riquezas - que estavam desbravando uma região entre o Rio Una, o Rio Pardo e o norte de Minas Gerais e ficava no alto de uma montanha, mas não havia uma descrição muito precisa do local, por falta de referências, devido ao relevo do local não apresentar muita diferenciação entre inúmeras regiões.

É muito difícil que este documento seja um delírio de um dos participantes da bandeira, já que as pessoas que participavam desta empreitada eram geralmente pessoas que não tinham uma vasta cultura e, por este motivo, provavelmente, não poderiam articular e descrever uma cidade com detalhes bem convincentes, inclusive os caracteres que, mais tarde, foram identificados pelo escritor Barry Fell como sendo semelhantes às escritas grego-ptolomaica, uma forma do egípcio demótico, havendo também trechos do alfabeto do escorpião, usado pelos caldeus para se referir a tesouros escondidos.

Bem próximo ao centro urbano de Canavieiras existe uma região, onde, segundo a descrição do Manuscrito 512, pode ser muito bem enquadrada. Esta região, segundo o relato, fica no alto, perto de cachoeiras e rios e dela, se avista uma grande cidade no litoral. Portanto essa região poderia ser a Serra da Onça, onde, de seu alto, em dias claros, se pode ser avistada a cidade de Canavieiras, no litoral, na foz do Rio Pardo.


Página 7 do Manuscrito 512 - Digitali-
zado pela Biblioteca Nacional do Brasil


Página 8 do Manuscrito 512 - Digitali-
zado pela Biblioteca Nacional do Brasil


Essa grande cidade no litoral, mencionada no Manuscrito 512, poderia ser uma cidade que nos dias de hoje poderia ser considerada como pequena, mas para a época, onde os vilarejos não costumavam ter mais de cinquenta casas, uma cidade pequena hoje, seria considerada grande na época e, Canavieiras, embora pequena, era uma das maiores cidades do litoral sul da Bahia.

Tudo não passa de uma lenda? Não. Lendas não deixam documentação e o Manuscrito 512 existe e está depositado no setor de manuscritos raros da Biblioteca Nacional do Brasil e, além disto tudo, o modo de escrever e o linguajar do texto é característico do século XVIII, não deixando dúvidas quanto a sua autenticidade.

O documento, hoje apócrifo, pode não ter sido quando foi encaminhado às autoridades brasileiras no século XVIII. Quem guarda envelopes de correspondências hoje em dia, onde estão discriminados o destinatário e o remetente? Quase ninguém. Naquela época, também, era a mesma coisa, os costumes quase nunca mudam.


Página 9 do Manuscrito 512 - Digitali-
zado pela Biblioteca Nacional do Brasil


Página 10 do Manuscrito 512 - Digitali-
zado pela Biblioteca Nacional do Brasil


Assim, o bandeirante que elaborou e encaminhou o manuscrito, com relatório tão detalhado, ficou anônimo com o passar dos anos e hoje, a sua história, não só desperta a nossa curiosidade, como também a nossa imaginação. O que você faria, se o acaso fizesse você reencontrar esta cidade há muitos anos novamente perdida?

Quando você, turista, for a Canavieiras, a Princesinha do Sul, na Costa do Cacau, não deixe de observar tudo detalhadamente. Quem sabe não caberá a você redescobrir a cidade perdida da Bahia e ficar famoso para sempre nos livros de história. 
          

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Igrejas e Capelas em Sedes de Fazendas de Cacau em Canavieiras

Pequena Igreja em Sede de Fazenda de Cacau em 
Canavieiras

Desde os tempos coloniais, as fazendas do Brasil tinham por hábito, a construção de igrejas e capelas perto de suas sedes por dois motivos: o alto grau de religiosidade de seus proprietários e a grande distância das igrejas tradicionais com párocos, que ficavam, geralmente, nas cidades e nos vilarejos mais importantes.

Em Canavieiras, desde os tempos em que a cultura do cacau começou a proporcionar riqueza suficiente para os grandes e médios cacauicultores pudessem ter os seus próprios templos em suas propriedades, este costume ficou cada vez mais evidente e pequenas igrejas e capelas começaram a ser construídas para que a fé se mantivesse viva nas comunidades rurais.

Ainda hoje estas igrejas continuam em pé, algumas bem conservadas, outras não, mas, em sua maioria, elas conservam, em seus altares, imagens sacras do séculos XVII, XVIII e XIX, principalmente as de Nossa Senhora, que sempre foi muito cultuada nas comunidades rurais.

Quando você for a Canavieiras, a Princesinha do Sul, na Costa do Cacau, não deixe de visitar uma dessas fazendas, pois elas trazem a história do início da Civilização Cacaueira que foi uma das grandes riquezas do Brasil até quase o final do Século XX.


Igreja de Nossa Senhora da Conceição - Fazenda Lagos - Puxim
 do Sul - Canavieiras-BA - Foto de Autor Não Identificado