quinta-feira, 7 de março de 2013

O Efeito da Erosão nas Praias de Canavieiras e Seus Principais Culpados




Praia da Costa, na Ilha de Atalaia, em Canavieiras
 - Foto de Regis Silbar


A largura da Ilha de Atalaia, em Canavieiras, já foi muito maior, mas devido ao efeito da erosão, ela vem se reduzindo gradualmente, ano após ano e, talvez, um dia, a Ilha de Atalaia, desaparecerá, e o mar, com toda a sua formidável força, baterá, com as suas ondas, diretamente na Ilha de Canavieiras.

Este dia, talvez, demore milhares de anos para acontecer mas, com a ajuda do homem, este dia poderá estar cada vez mais próximo e, talvez, os nossos netos ou bisnetos, poderão .presenciar este acontecimento que marcará, para sempre, a cidade de Canavieiras e poderá significar o início de sua destruição.

A falta de consciência dos donos de estabelecimentos que fincaram acampamentos e depois fizeram construções com tijolos na areia da praia, destruindo toda a vegetação que protegia a praia contra o desgaste natural das ondas, em dias de mar agitado, está apressando a erosão, e o mar avança, desta forma, com mais velocidade sobre a terra firme.

Eles são tão culpados assim pela a erosão? Sim, mas os principais culpados são os prefeitos e vereadores que passam e desfilam pela cidade, todos inoperantes e despreocupados com o seu destino, com o destino de suas praias e com o destino de seu povo.

Esses prefeitos são pessoas espertas e sem o menor compromisso com a cidade e se dão bem graças a sua esperteza e a ingenuidade do povo simples e pacato que, por falta de alternativa ou por lavagem cerebral, acabam votando em corruptos que irão dirigir a cidade com propósitos que não me cabe explicar.

Todos são culpados, é um círculo vicioso onde não sabemos onde começa ou onde termina. Sabemos apenas que, por falta de um pulso forte, a erosão nas praias de Canavieiras está cada dia mais acentuada e, talvez, o Rio Patipe e o prolongamento do Rio Pardo, da Ilha de Canavieiras até a sua foz, desaparecerão, e e mar não terá o manguezal que, aterrado por um prefeito incompetente e inconsciente, poderia proteger a Ilha de Canavieiras de um fim agonizante.

       

5 comentários:

  1. Regis,
    Morei em Canavieiras entre 1973 e 1981. Cheguei a contar cerca de vinte coqueiros entre a matinha (vegetação rasteira da ilha) e a praia. Depois de alguns anos eram uns 10, chegando a cinco anos depois. As fotos aéreas disponíveis nesta WEb já mostram o assustador estreitamento da ilha. Algo teria de ser feito, quem sabe a construção de um cais de pedra na praia. Isto enfeiaria um pouco o local, bem como tornaria a praia mais inclinada (praia de tombo) como imagino, mas seria uma solução para minorar e até interromper esse avanço.
    È isso!

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    1. Robson, os meios naturais de contenção da erosão são os mais eficazes, contudo eles não são usados pelas administrações de prefeitos despreparados e que não procuram se atualizar com as novas tecnologias. O replantio de mudas a beira-mar, além de barrar o avanço do mar, refaz a vegetação costeira.
      Também é preciso pulso e coragem, já que para a implantação desta tecnologia é necessário a demolição das construções irregulares feitas onde antes existia a vegetação típica de restinga, que amparava a orla marítima do avanço da erosão.

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  2. Parabéns pela postagem é importante esta preocupação com problemas relacionados à erosão costeira. Sou canavieirense e há mais de dez anos trabalho com dinâmica costeira no Laboratório de Estudos Costeiros – UFBA e durante este período tive a oportunidade de participar de alguns projetos relacionados à erosão no litoral da Bahia. Acreditamos que as praias da ilha de Atalaia estão sofrendo erosão, entretanto, comparando imagens de satélite e de fotografias aéreas verticais dos últimos 60 anos não é possível observar recuo significativo na posição da linha de costa desta ilha, exceto nas suas extremidades (barras de Atalaia e do Albino), com oscilações entre períodos de recuo e de avanço, sendo este, um processo natural esperado em desembocaduras fluviais como tais. Concordo com o fato de que interferências na linha de costa como, construções e destruição da sua vegetação são impactos irreversíveis que não deveriam existir, pois afetam no comportamento da linha de costa. As variações responsáveis pela derrubada de coqueiros fazem parte do processo natural deste ambiente, visto que ele está em equilíbrio dinâmico, ou seja, não é um ambiente estático, está em constante transformação em função de fatores como, marés, ondas, correntes. Agora, intervenções antrópicas como a construção de um cais ou muro de arrimo ao longo da sua linha de costa com o objetivo de estabilizar o que é relativamente estável trará certamente conseqüências irreparáveis para este ambiente, como relatado pela literatura científica em diversas partes do mundo.
    Adeylan Nascimento Santos
    Doutor em Geologia – UFBA
    adeylan.santos@ufba.br

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  3. Sobre os culpados não tenha dúvidas de que são nossos "sempre capacitados administradores públicos". Países europeus como, França, Portugal, Espanha, após sofrerem muitos prejuízos econômicos como consequência do menosprezo a estes ambientes, hoje, desenvolveram políticas públicas que protegem estes ambientes assim como as mães protegem os seus filhos, para se ter uma ideia, nem pisar na vegetação da praia é permitido. Sem falar nas políticas públicas da Austrália, Nova Zelândia, EUA, dentre outros.
    Infelizmente nossa realidade é outra, mas esperamos por dias melhores, sempre!
    Adeylan Nascimento Santos
    Doutor em Geologia – UFBA
    adeylan.santos@ufba.br

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    1. Adeylan, em cidades mais conscientes com o meio-ambiente, o refazimento da vegetação de restinga, em áreas de orlas marítimas degradadas, além de proteger o solo da erosão, também dá um toque de embelezamento rústico, devido às espécies usadas na revitalização.
      Cidades como o Rio de Janeiro e Florianópolis, estão replantando e protegendo toda a vegetação de restinga de suas praias. Jurerê Internacional e Canasvieiras, entre outras, em Florianópolis são um belo exemplo desta prática. Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e as praias da Zona Sul do Rio de Janeiro são também, exemplos a serem seguidos, já que, além de replantar, foi colocado cercas de proteção à vegetação, o que também acontece em Florianópolis.
      Outras cidades do Brasil também seguem este exemplo. Canavieiras deveria seguir.

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