Canavieiras, cidade banhada pelos rios Pardo e Cipó e pelo Oceano Atlântico, já foi, no passado, uma rica cidade, onde a ostentação dos poderosos se traduzia nas construções de belos e suntuosos casarões, com a arquitetura típica dos tempos áureos do cacau, cheios de detalhes e enfeites em suas fachadas, tão harmoniosamente belas que até hoje causam surpresa e admiração aos que visitam a cidade.
Nesta época, os ricos coronéis do cacau não se importavam em conter gastos quando se tratava da construção de suas residências, que deveriam ser, sempre, mais bonitas e elegantes do que as residências dos outros coronéis do cacau.
A cidade, então, em seu centro histórico, era a celebração da ostentação pela ostentação e, em decorrência, pontilhavam casarões, arquitetonicamente belos, enfeitando a cidade e dando prestígio aos seus ilustres ocupantes.
Casarão em Ruínas no Centro Histórico de Canavieiras-BA - Foto de Regis Silbar |
Nesta época, compreendida entre meados do século XIX e um pouco depois da metade do século XX, a cidade de Canavieiras sustentava, com a sua riqueza, todo Estado da Bahia, com os fundos proveniente da cultura do cacau e da lavra de diamantes nos cascalhos do Rio Salobro.
O tempo passou, os diamantes foram embora, deixando apenas os cascalhos submersos nas águas do rio, que rolam, vagarosamente, em direção ao mar, onde um dia chegarão e virarão grãos de areia que farão parte da paisagem e ficarão molhados para sempre pelas águas do mar.
O tempo passou também para o cacau, com as suas lavouras dizimadas pela praga conhecida como vassoura-de-bruxa, uma espécie de fungo mortífero para o cacaueiro e mortífero também para a economia da cidade, que quase sucumbiu, deixando muito desemprego e espalhando a pobreza em uma terra que já foi rica, favorecida pelos frutos dourados do cacau.
Talvez, se tudo der certo com o novo cacau desenvolvido cientificamente para resistir à vassoura-de-bruxa, a economia da cidade, baseada na lavoura deste fruto dos deuses, volte a se desenvolver, mas nada será mais como antes, pois a produção deste fruto se deslocou para as florestas da África Ocidental, onde provavelmente, algumas lavouras poderão sofrer contaminação pelo vírus do ebola e disseminar a doença no mundo ocidental, grande consumidor de chocolate, que será feito com frutos contaminados por fluídos corporais durante o processo de colheita e secagem.
Hoje a população da cidade vive quase exclusivamente da Bolsa Família, programa desenvolvido pelo governo que preferiu não dar prioridade à educação e sim ao clientelismo, distribuindo migalhas a uma população que prefere não trabalhar para não perder a Bolsa Indolência. E só olhar as filas nas Casa Lotéricas, com pessoas aptas para o trabalho que dão preferência à indolência ao invés de laboriar.
Mas, enfim, mesmo pobre, a cidade ainda conserva a bela arquitetura do passado, que um dia poderá gerar uma nova riqueza, desta vez proporcionada pelo turismo que está se desenvolvendo lentamente na cidade, que já foi chamada de "Princesinha do Sul".
Mas, enfim, mesmo pobre, a cidade ainda conserva a bela arquitetura do passado, que um dia poderá gerar uma nova riqueza, desta vez proporcionada pelo turismo que está se desenvolvendo lentamente na cidade, que já foi chamada de "Princesinha do Sul".
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