domingo, 29 de maio de 2016

O Futuro dos Belos Casarões dos Coronéis do Cacau em Canavieiras

Rua do Brejo - Canavieiras-BA - Em Primeiro
 Plano Casarão Onde Funcionou  o  Cartório da
Rua do Brejo - Foto da Coleção Regis Silbar


O Centro Histórico de Canavieiras, infelizmente, está sendo paulatinamente destruído, com a complacência das autoridades municipais, que não impedem que proprietários de imóveis, sem o menor senso de responsabilidade social, promovam a destruição de prédios históricos para a construção de residências com características típicas de construções levantadas em favelas das grandes cidades.

É um crime contra ao patrimônio da cidade a destruição de imóveis com inegáveis valores artísticos e que marcaram uma época na história da cidade. Também é crime a extrema leniência da administração pública em deixar de punir tais barbaridades, já que tais atos comprometem, de forma definitiva, o conjunto arquitetônico do patrimônio da cidade.

Na foto estampada ao alto, podemos apreciar, em primeiro plano, o prédio onde funcionava o cartório da Rua do Brejo nas décadas de cinquenta e de sessenta do século passado. Era um prédio de linhas simples com a arquitetura característica da fase áurea do cacau, provavelmente mandada construir por um rico coronel. Este imóvel tinha um dos maiores terrenos da Rua do Brejo, o que já indicava uma certa ostentação se compararmos com os imóveis ao redor.

Uma singular peculiaridade deste imóvel era a ausência de portas na fachada principal, que era ocupada apenas por quatro grandes janelas. A entrada para o imóvel era através de uma porta lateral que dava acesso diretamente à sala principal, onde em meados do século passado funcionava um cartório.

Atrás desta preciosidade, em um grande salão, funcionava o Educandário São Boaventura, da professora Florinda Ribeiro Barbosa, também chamada de professora Filuzinha. Era a mais tradicional escola da cidade e era frequentado pelos filhos das pessoas mais abastadas e também por filhos de pessoas sem recursos, bolsistas integrais, dada a generosidade da professora.

Hoje em dia, no lugar deste lindo casarão que contava um pouco da história da cidade, existe uma construção com estilo característico das favelas das grandes metrópoles. É uma pena, pois era uma das mais antigas e diferenciadas construções da Rua do Brejo. Haja coração para tanta destruição.  


O Mesmo Trecho da Rua do Brejo em Canavieiras.
 O SobradoVerde está no Mesmo Local do Casarão 
Onde Funcionava o Cartório da Cidade






quarta-feira, 25 de maio de 2016

O Projeto Original da Prefeitura Municipal de Canavieiras




Projeto Original da Prefeitura Municipal de Canavieiras


O projeto original para a construção da Prefeitura Municipal de Canavieiras, que não foi avante por falta de recursos, em razão da drenagem de quase todo o dinheiro de Canavieiras ser para Salvador para sustentar a administração estadual,  foi elaborado pelo arquiteto espanhol Adolfo Morales de los Rios y Garcia, contratado em 1895, e um dos mais respeitados do país nas últimas décadas do século XIX, com obras em diversos estados, inclusive na capital federal, o Rio de Janeiro.


O projeto original do prédio foi elaborado para que o mesmo fosse erguido no mesmo lugar onde ele hoje se encontra, com as mesmas proporções e com algumas diferenças do hoje erguido no mesmo local, sendo a mais relevante a grande cúpula frontal a ser erguida no meio da construção.

O projeto do prédio era de muito bom gosto e, se fosse construído, embelezaria ainda mais o Centro Histórico da cidade, pois a sua beleza chamaria muito mais a atenção dos que passassem pela Praça da Bandeira, um dos mais belos locais do Centro Histórico de Canavieiras.


Contudo, não devemos desprezar o atual prédio da prefeitura que também é muito belo e se harmoniza com as demais construções em seu entorno, fazendo do Centro Histórico de Canavieiras um dos mais belos e conservados de toda a Costa do Cacau e além de tudo, ele é a única Pérola Remanescente da Era do Cacau, quer pela sua conservação, quer pela destruição dos centros históricos das demais cidades.



Projeto  Alternativo  e  Definitivo  da Prefeitura 
Municipal de Canavieiras - Foto de Regis Silbar









terça-feira, 3 de maio de 2016

Acidentes Navais em Canavieiras

Pesqueiro Dona Paula Naufragando a 22 Km da Barra Sul de
 Canavieiras, Depois de uma Colisão com o Veleiro Tugela -
Foto de Igor Aquino


O primeiro grande acidente naval em Canavieiras, registrado através de documentação, aconteceu em alto mar, quando a draga Imbariê afundou em 22 de julho de 1939, quando era rebocada pelo vapor Osvaldo Aranha, comandado pelo capitão Inocêncio Lopes Vilas Boas, do Porto do Rio de Janeiro para o Porto de Macau no Rio Grande do Norte. O naufrágio foi ocasionado pela entrada de águas pelos buracos deixados pela falta de rebites nas chapas do casco (Fonte: DOU 08-09-1940, Pg. 47).

O segundo acidente naval, este com farta documentação, aconteceu em 1943, quando o Navio Maraú, comandado pelo piloto José Correia Paes Neto, colidiu com o fundo do leito do Rio Pardo, ocasionando abertura no casco e consequente entrada d'água. Depois de muitas tentativas de desencalhe o navio só se safou na madrugada do dia 6 de outubro de 1943, não tendo sido constatado danos sérios na embarcação nem danos e prejuízos aos passageiros e às cargas transportadas (Fontes: Diário da Noite de 11-08-1943 e Diário Carioca de 18-02-1944 - ambos do Rio de Janeiro).

O terceiro acidente aconteceu em alto-mar nas costas de Canavieiras no dia 12 de outubro de 2014, quando o barco pesqueiro Dona Paula foi a pique depois de ter sido abalroado pelo veleiro Tugela, que fugiu sem prestar socorro aos náufragos, que foram recolhidos por pescadores do barco Deus é Fiel (Fonte: www.blogdogusmao.com.br).

segunda-feira, 2 de maio de 2016

"A Mais Bem Despida" e a Moral das Senhoras de Canavieiras na Década de Cinquenta do Século XX

Cartaz do Filme "A Mais Bem Despida"
de Pierre Faucaud, que Esteve em Cartaz
 no Cine Glória, em Canavieiras, no Final
da Década de Cinquenta 


Era para ser um acontecimento banal, a estreia de um filme de comédia/romance em um cinema de uma típica cidade do interior no final da década de cinquenta do século passado, mas não era. O título do filme em português - A Mais Bem Despida - ouriçou a cidade inteira e o próprio cinema contribuiu para que o ouriçamento fosse maior.

Como só tinha chegado o filme, provavelmente desacompanhado de material publicitário, foi providenciado junto a um desenhista da cidade, a confecção de alguns desenhos de mulheres despidas, em papel ofício, para serem fixados na entrada do cinema e atrair o público para o espetáculo.

Foram feitos desenhos de nu artístico em situações muito bem comportadas e respeitosas, já que o filme era uma comédia em ritmo de romance e não um filme pornográfico, pois naqueles anos ainda não existia este gênero de filme no Brasil.

O filme de origem francesa de 84 minutos, com o título original de "Mademoiselle Strip-Tease", dirigido por Pierre Foucaud, ficaria em cartaz por alguns dias na cidade, como era sempre de costume, já que a cidade dispunha de poucos habitantes e, por isto, era impossível um tempo maior.

O cinema só não contava com uma coisa: a reação moralista de boa parte das senhoras canavieirenses que, ao verem os desenhos na entrada do cinema se sentiram ofendidas e resolveram agir para que os cartazes fossem retirados do saguão do cinema.

Elas conseguiram, pois diversas autoridades da cidade foram envolvidas na questão moralista e contribuíram para este desfecho. Só uma pacata cidade do interior sabe o real valor da moral para que os bons costumes prevaleçam na sociedade. 


Nesta  Esquina  Funcionou  o Cine  Gloria,  o Melhor 
Cinema  de  Canavieiras,  Do  Belo  Prédio Só Restou
 as Portas e as Paredes do Térreo - Foto de Regis Silbar