terça-feira, 12 de abril de 2011

Santa Casa de Misericórdia de Canavieiras - O Primeiro Hospital da Cidade


Santa Casa de Misericórdia de Canavieiras -
 Foto de Teophilo Mourranhy


A Santa Casa de Misericórdia de Canavieiras foi o primeiro hospital da cidade, idealizado por um grupo de homens no final do século XIX e inaugurado no ano de 1912.

Toda a movimentação para a construção do hospital se deu através do Comitê Auxiliador das Obras do Hospital de Canavieiras. A empreitada, para a época, foi muito difícil, pois foi contratado um arquiteto para o planejamento e um engenheiro para dar andamento às obras, profissionais que não existiam na cidade.

A obra foi  financiada com o dinheiro do cacau (theobroma cacao), pois os fazendeiros e comerciantes que cooperaram para a sua construção auferiam os seus ganhos através das sementes do seu fruto. 

A cidade de Canavieiras, neste período, realizava grandes e pomposas construções, tais como a Prefeitura Municipal, a Cadeia Pública, todo o casario em frente ao porto e na Praça da Cesta e, logicamente a Santa Casa de Misericórdia. Todas essas construções a faziam uma cidade bela, tanto assim, que passou a ser chamada de "Princesinha do Sul" e hoje é a Princesinha da Costa do Cacau.

Antiga  Santa  Casa  de  Misericórdia  de 
Canavieiras,  atual   Instituto  Técnico de 
Hotelaria  Planet-Panzini - Foto de Regis
 Silbar em 2011


O hospital era uma das construções mais bonitas da cidade e também fazia parte da sua história, já que, além de ser o primeiro hospital da cidade, era também uma obra de arte que compunha o cenário do tempo da fase áurea do cacau que trouxe muita riqueza para a cidade.

No final da primeira década deste século, eis que acontece uma grande tragédia com o apoio da Prefeitura de Canavieiras e também com o apoio de algumas pessoas que se intitulam comunidade canavieirense: o prédio foi reinaugurado, agora como escola de hotelaria.

A tragédia não foi a transformação do prédio em escola, o que é muito louvável, mas sim o que fizeram com o prédio. Ele está totalmente irreconhecível, não fizeram restauração, mas sim destruição e descaracterização do seu aspecto original, danificando, para sempre, um bem que é de todos os canavieirenses.

Não houve um político, um jornal, uma estação de rádio que levantasse a voz protestando por essa insensatez feita em nome do progresso. Parece que todos concordaram e bateram palmas para a chegada do progresso. Não seria mais edificante para a cidade se a escola funcionasse num prédio histórico  completamente restaurado? Isso sim é que é progresso.



Antiga  Santa  Casa  de  Misericórdia  de  
Canavieiras,  Atual  Instituto  Técnico de 
Hotelaria  Planet-Panzini  - Foto de Regis
 Silbar em 2011 


Ora, quem danificou o prédio não tinha compromisso com a história da cidade, já que era de uma entidade estrangeira, de origem italiana, mas a Prefeitura não, esta tinha o dever e a obrigação de zelar pelo patrimônio artístico, histórico e cultural da cidade, coisa que não fez.

Canavieiras, que tem a pretensão de ser uma cidade turística, não deve se esquecer de uma coisa. Para ter turistas tem que ter atração, e a atração de Canavieiras é a sua história, o seu casario e as suas praias. É o conjunto que atrai o turista. O canavieirense nunca deve pensar que só as suas praias são suficientes, porque praias bonitas todo o litoral baiano tem e, só os lugares que têem história, são os que atraem os turistas. Vejam o exemplo de Ilhéus e Porto Seguro.

Vamos ter mais conciência e dizer não a essas mentalidades que só pensam em tirar proveito político, mesmo que seja com a destruição do patrimônio da cidade.


Antiga  Santa  Casa  de  Misericórdia   de  
Canavieiras,   Atual  Instituto  Técnico de 
Hotelaria Planet-Panzini - Foto  de  Regis
 Silbar em 2011

3 comentários:

  1. Seria muito importante se ao invés de criticar você conhecesse o projeto e valorizasse a ação, pois o que mais encontramos em Canavieiras são casas abandonadas, na algumas já em ruina, deixando esquecida a história e ainda limitando o progresso. Seria muito bom que pessoas com a mentalidade tão aberta e tamanha preocupação com o patrimônio, começassem a elaborar projetos para tombar esses prédios ao invés de criticar aqueles que tentaram valorizar e manter toda a arquitetura de um prédio que já estava esquecido.

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    1. Toda ação social é dignificante e merece o apoio de toda a sociedade, já que há poucos que fazem e muitos que recebem. É louvável a reforma feita no prédio abandonado que hoje serve de um ancoradouro para a nossa juventude, auxiliando-a a encontrar um lugar no disputado mercado de trabalho, no entanto, seria melhor ainda se não houvesse uma reforma tão ampla, alterando tanto as características originais de um prédio tão cheio de história, mas apenas uma restauração, conservando as linhas originais.
      É claro que a função de fiscalizar e preservar para o futuro as nossas obras arquitetônicas não cabe ao reformador do imóvel, mas sim à prefeitura através de seu órgão público competente, o que parece não haver em Canavieiras, já que é tão inoperante.
      Quando a TV Globo vai filmar em Canavieiras, ato que enche de orgulho todo canavieirense, é através da história que ela vai e não dos prédios reformados que estão surgindo pela cidade.
      O progresso pode muito bem conviver com a tradição e com a história, veja o exemplo de Florença, Veneza, Ouro Preto e as belas capitais escandinavas, pois um não impede o outro, mas se completam quando o tema é bem estar social e povo de culturalmente avançado.
      Nunca devemos acreditar que para se ter progresso, devamos abrir mão do patrimônio herdado de nossos antepassados.

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