A Distribuição de Água Encanada em Canavieiras

Caixa D'Água da Rua do Mangue em Canavieiras
 - Foto de Regis Silbar

Canavieiras, até quase o final do Século XX não tinha água encanada nas residências e, por isso, a água era obtida através de fontes abertas nos quintais que eram operadas através de bombas manuais ou, se as águas eram para beber, eram entregues através de aguadeiros que as traziam até às casas no lombo de jumentos ou em carrinhos de mãos.

Atualmente Canavieiras tem uma água potável de qualidade, distribuída através de canos para toda a cidade. Essa água é constante, não falta nunca, a não ser por curtos períodos, mas não chega a prejudicar o abastecimento.

Praça da Cesta com Jumento Carregando
 Barrica de Água para Vender - Canavieiras
-BA - Meados do Século XX

Por este motivo, Canavieiras é uma das cidades do sul da Bahia melhor servida em abastecimento de água, tanto pelo volume, como também pela qualidade, já que a água recebe um tratamento que a livra de todas as impurezas.

Quando você for a Canavieiras, confie em sua água, mas se for para beber, dê preferência à água filtrada, fervida ou à água mineral, mas se não for possível, pode confiar e beba a água bical diretamente da bica. Ela é saudável.

Seu Assis - Aguadeiro de Água da
Costa (Ilha de Atalaia) - Década de
 60 do Século XX - Canavieiras-BA 

O Motor da Usina de Luz da Rua do Mangue em Canavieiras

Motor da Usina de Luz da Rua do Mangue em
 Canavieiras-BA - Foto de Autor Desconhecido
 - Colorizado por Regis Silbar

Canavieiras, antes da Usina de Luz da Rua do Mangue, vivia só à luz de velas e de lampiões a querosene, existia também os chamados fifós que eram pequenos recipientes de vidros com pavio, também movidos a querosene.

Ferros de passar roupas só a carvão. Talvez hoje em dia poucas pessoas saibam que ferro a carvão já existiu e menos pessoas, ainda, já viram um, mas em Canavieiras, antes da usina de luz, todos o conheciam e o usavam.

Rádios elétricos só os movidos a bateria de carros. O rádio ficava geralmente na sala de estar com uma bateria de carros ao lado, no chão. Rádios de pilhas ainda não tinham sido inventados, o que aconteceu só na década de cinquenta e os primeiros rádios de pilha a chegar em Canavieiras foram os japoneses da marca Spica, que vinham envolvidos com uma capa de couro.

Geladeiras só a querosene e assim mesmo eram poucas as pessoas que a tinham pois eram artigos de luxo e só estavam nas casas das pessoas mais abastadas. Mesmo depois da Usina de Luz da Rua do Mangue ter sido inaugurada, as geladeiras de querosene continuaram a ser usadas, pois a luz elétrica só vinha à noite e por poucas horas.

À noite, quem andava pelas ruas sem iluminação, usava lanternas e velas protegidas por um papel para o vento não apagá-las. Outras pessoas andavam no escuro parecendo figuras fantasmagóricas. Quando a noite era de lua cheia, facilitava tudo, pois a visibilidade era total, mesmo na penumbra.

Em 1960 o gerador antigo foi substituído por outro (o da foto), que foi trazido de Vitória da Conquista, mas este gerador nunca funcionou a contento, parecendo mais um vagalume, pois ficava acendendo e apagando o tempo todo.

A situação só melhorou quando chegou a Canavieiras a energia vinda das hidroelétricas que abasteciam a região e foi nesta ocasião que a luz deixou de ser fraca e intermitente, passando a funcionar nas 24 horas do dia.

Depois desta época, todos os habitantes de Canavieiras passaram a ter o direito de possuir eletrodomésticos, inclusive geladeiras, que têm que funcionar o dia inteiro, sem interrupção.

Essa é a história da luz elétrica em Canavieiras, uma história que foi contada por alguém que vivenciou a história.

A Usina de Luz da Rua do Mangue Funcionou
 Neste  Prédio,   em   Canavieiras,   onde   Hoje
Funciona o INSS - Foto de Regis Silbar

Ilha de Canavieiras - Uma Imensa Planície de Areia ao Nível do Mar

Planície  Arenosa  da  Ilha  de  Canavieiras  -
Data Provável da Foto: Década de 40 - Autor
Desconhecido - Colorizado por Regis Silbar

A Ilha de Canavieiras, no Estado da Bahia, onde está localizada a cidade de Canavieiras, é uma imensa planície arenosa, toda ela com vegetação típica de restinga, com ausência de grandes e exuberantes árvores nativas e onde predomina uma típica vegetação rasteira que cobre a maior parte do areal que predomina em quase toda a ilha.

Essa areia era fina e ainda em tempos recentes, se movimentava ao sabor dos ventos, formando,  logo depois dos manguezais, algumas dunas, principalmente no lado da ilha que margeia o Rio Patipe.

Estas dunas formadas pelos ventos, conseguiam se erguer solenemente a pequenas altitudes que, embora não fossem elevadas, se sobressaiam na paisagem plana da ilha.

Entre estas dunas uma se destacava e se chamava Pão de Açúcar, hoje desaparecida e que se localizava, no passado, dentro dos limites da atual Rua Pão de Açúcar, próximo às margens do Rio Patipe.

Por incrível que pareça, esta duna foi, por algum tempo, o ponto culminante da Ilha de Canavieiras, até que desapareceu por completo, nada restando de seu antigo esplendor.

Hoje, sem as dunas, a Ilha de Canavieiras está mais plana do que nunca, mas continua bonita como sempre, esperando você para conhecê-la e desfrutar de todas as comodidades.

   

As Principais Atividades Econômicas de Canavieirás no Final do Século XIX

Lavra de Diamantes no Rio Salobro -
Canavieiras -BA - Colorizado por Regis Silbar

No final do Século XIX, a pequena cidade de Canavieiras, no sul do Estado da Bahia, vivia o melhor de seus sonhos, nadava em dinheiro, tudo resultante de uma feliz conjugação de dois fatores: a cultura do cacau e a lavra de diamantes no Rio Salobro.

Tudo isto rendia muito dinheiro e a cidade se transformou em poucos anos: largas ruas e avenidas, grandes e luxuosas edificações, vastas praças e o surgimento dos primeiros automóveis que trafegavam vagarosamente pelos imensos areais que nesta época tomavam conta da maior parte da cidade.

Do cacau vinha a maior parte da renda dos poderosos coronéis do cacau que mandavam na cidade, colocando a sua força e poder na frente da lei, pois todos os obedeciam e faziam a suas vontades.

Dos diamantes vinham o dinheiro que fazia, como num passe de mágica, as grandes fortunas de alguns, os mais espertos, mas para a grande massa de infelizes que trabalhavam no garimpo à mando desses mais espertos, só restava a resignação de se contentarem com as migalhas que lhes eram oferecidas.

Deste tempo ficou as largas ruas e avenidas, as belas praças, a prefeitura e a antiga cadeira municipal, o conjunto arquitetônico do Cais do Porto e as lembranças que passam de gerações para gerações e que são, realmente, as que mais custam de serem apagadas.    

Colheita do Cacau - Canavieiras-BA - Foto
Colorizada por Regis Silbar

A Igreja de São Boaventura em Canavieiras Foi Construída em Vinte Anos

Igreja de São Boaventura, em Canavieiras,
 logo após a sua conclusão - Foto de autor
 desconhecido - Colorizado por Regis Silbar

Dizem que obra que demora muito é obra de igreja, mas para a Igreja de São Boaventura este ditado não tem validade, pois a obra foi feita muita rapidamente, pois a obra só levou vinte anos para ser concluída, muito diferente de algumas outras igrejas, principalmente as europeias que demoraram centenas de anos.

As obras da construção da Igreja de São Boaventura, começaram em 1912 e terminaram em 1932, quando a igreja foi inaugurada, portanto, foram apenas vinte anos que, em termos de construção de igrejas foi muito pouco tempo.

O terreno para a construção da igreja foi doado pela Prefeitura de Canavieiras, através da Resolução 191, de 8 de julho de 1912 mas, em contrapartida, a antiga igreja deveria ser demolida e, seu terreno, incorporado à Praça da Bandeira.

A Igreja de São Boaventura é uma das mais belas igrejas do sul do Estado da Bahia. Ela foi construída em estilo neogótico em uma época em que a arquitetura da cidade era voltada para construções em estilo art decó, mas valeu a pena, pois hoje em dia ela é uma das principais atrações de Canavieiras.

Como Recuperar o Passado de Canavieiras

Foto Original - Bloco de Senhoras - Carnaval de
1937 - Rua Marechal Deodoro - Canavieiras-BA

A história de Canavieiras, a Princesinha do Sul, é contada e lembrada através de fotografias, mas muitas delas já estão em adiantado estado de deterioração e, nada mais justo que estas fotos sejam recuperadas para que, no futuro, as gerações vindouras possam ver como a nossa cidade era no passado.

Não é fácil recuperar uma fotografia, mas vale a pena, principalmente quando é para uma boa causa, que é a preservação da história da cidade, pois uma foto vale muito mais do que mil palavras.

Foto Restaurada por Regis Silbar  - Bloco
de Senhoras   -   Carnaval de 1937   -   Rua
Marechal Deodoro - Canavieiras-BA

Para recuperar uma foto deteriorada pelo tempo, o primeiro passo é digitalizá-la e depois procurar sanar as rasuras, falhas, amassados, borrões e qualquer imperfeição que esteja presente na fotografia. Depois disto tudo é só ver o resultado.

O terceiro passo é colorir a fotografia, mas com uma coloração compatível com a idade da fotografia. Não vale a pena colorir a foto como se fosse de uma fotografia recente, pois ficaria muito artificial. Veja como ficou o resultado de um trabalho condizente com a idade da fotografia de uma foto do carnaval de rua de 1937, na Rua Marechal Deodoro, em Canavieiras. 

Foto Colorizada por Regis Silbar - Bloco de
Senhoras - Carnaval de 1937 - Rua Marechal
Deodoro - Canavieiras-BA