sábado, 28 de abril de 2018

Rua da Jaqueira, em Canavieiras, a Rua da Felicidade Eterna, Enquanto Durou

Ruínas  do  Bar  Três  Irmãos  no  Térreo  e
da Boate Irajá no Sobrado - Rua da Jaqueira
 - Canavieiras-BA  


A Rua da Jaqueira, em Canavieiras, já teve os seus dias de glória na década de sessenta do século passado, quando a prostituição movimentava os seus cabarés, boates, bares e pensões de alta rotatividade.

Nesta época, Canavieiras ainda vivia do dinheiro abundante das safras de cacau e, este dinheiro, atraía muitas mulheres da cidade e também de outras cidades que almejavam ficar com uma parte dele e, como não sabiam fazer outra coisa, faziam o que todos sabem fazer muito bem: sexo.

A mais famosa boate da Rua da Jaqueira era a Boate Irajá, que ficava em um sobrado de esquina, tendo embaixo do seu piso o Bar Três Irmãos, que vivia principalmente do movimento existente na boate. Eram muitos os clientes, o que gerava um grande lucro para o bar.

Nesta boate as meninas eram meninas de luxo, que trajavam roupas longas e sapatos de saltos altos e, por isto, ela era frequentada por senhores de maior poder aquisitivo, principalmente os filhos dos coronéis, que se iniciam nos prazeres do sexo com as mais experientes e belas moças que exerciam a profissão na cidade.


Antiga  Pensão São Jorge 
que funcionou  na Rua da 
Jaqueira - Canavieiras-BA


Mas nem só de Boate Irajá vivia a Rua da Jaqueira. Naqueles áureos tempos do cacau, havia também outros locais que participavam da farra, como a Pensão São Jorge, que alugava os seus quartos por períodos de uma hora, o suficiente para que o deleite fosse completo.

Também haviam os bares que se espalhavam pela rua, já que na Rua da Jaqueira ficava o Sindicato dos Estivadores com um grande número de associados, pois o Porto Grande, no Rio Pardo, recebia muitos navios para levarem, em seus porões, as cargas de sementes de cacau e outros produtos da cidade que eram exportados.

De noite a alegria era geral, tudo parecia uma festa, com as meninas procurando os seus clientes e os clientes procurando as suas meninas. Tudo durou até acabar a farra do cacau com a aparição da praga da Vassoura de Bruxa, que deixou a cidade sem nenhum dinheiro. 

As meninas foram embora deixando Canavieiras "a ver navios", procurando novos mercados onde o dinheiro não faltasse tanto como estava faltando na cidade. Hoje em dia a Rua da Jaqueira nada lembra o que foi no passado.


Rua da Jaqueira  com as  Ruínas da Boate
 Irajá em Primeiro Plano - Canavieiras-BA
 - Foto de Regis Silbar

Maria da Jaqueira - Rua da Jaqueira - Canavieiras-BA


Rua da Jaqueira - Canavieiras-BA -
Foto de Regis Silbar 


Era uma vez uma moradora da atual Rua Barão de Cotegipe, em Canavieiras, no início do século XX, que se chamava Maria e tinha uma bela e frondosa jaqueira plantada na calçada em frente à janela de sua casa. 

Por causa desta bela e frondosa jaqueira, que dava muitos frutos, ela era conhecida por todos como Maria da Jaqueira, em alusão à grande árvore frutífera que crescia  na calçada em frente à sua residência.

Só tinha um problema, ela não gostava da alcunha e, por isto, em um ataque de fúria, ela contratou uma pessoa para cortar a jaqueira, pois ela pensava que, sem a jaqueira, ela não poderia mais ser chamada de Maria da Jaqueira.

Foi um ledo engano, pois ao cortar a jaqueira, foi deixado um toco com a raiz e, por isto, ela passou a ser conhecida como Maria do Toco, o que aumentou mais ainda a sua ira com o novo apelido. Ela ficava possessa ao ser chamada de Maria do Toco.

Passado um tempo ela mandou tirar o toco juntamente com a raiz que, por ser muito volumosa, deixou na calçada um grande buraco que não foi possível tapar, de imediato, por falta de entulho suficiente para fazer o aterramento completo do local.

Ela ficou feliz, pois agora ninguém a poderia chamá-la Maria do Toco, mas o que ela não previu, é que os vizinhos começariam a chamá-la Maria do Buraco da Jaqueira. Sua fúria aumentou muitas vezes e ela mandou fechar o buraco com bastante terra para que não ficasse nenhuma lembrança do buraco onde estava a raiz da árvore.

Não demorou muito tempo para que ela passasse a ser conhecida como Maria do Buraco Tapado. Ela não sabia mais o que fazer, mas pensou que o antigo apelido, Maria da Jaqueira, não era tão feio assim, em comparação com o último, Maria do Buraco Tapado.

Era a solução: ela plantou novamente uma jaqueira na calçada em frente à sua janela e todos voltaram a chamá-la Maria da Jaqueira e ela ficou muito feliz , não porque a jaqueira fosse uma árvore que dava bons frutos, mas porque ela se livrou do outro apelido, Maria do Buraco Tapado.

Esta é a história da Rua da Jaqueira, em Canavieiras, que logo depois, teve uma movimentada vida noturna, que a deixou muito famosa na cidade.

Hoje, a Rua da Jaqueira se chama Barão de Cotegipe, mas ela ainda é conhecida e lembrada como Rua da Jaqueira, graças à Maria da Jaqueira, uma ilustre personagem do início do século XX.   

Uma Dama da Sociedade nos Primórdios do Século XX em Canavieiras

Luiza  Ribeiro Barbosa  com  15
anos - Foto de 1903 por Nicolau
G. da Silva - Cannavieiras


Canavieiras, no final do século XIX e início do século XX era uma terra onde os famosos coronéis do cacau reinavam absolutos em quase todos os sentidos, suas palavras eram leis e todos, todos mesmo, obedeciam sem hesitação ou ...

Nesta época o luxo imperava na cidade, quase tudo era importado da Europa e nos salões se reuniam as pessoas mais importantes da cidade - os coronéis - com as suas respectivas famílias para usufruírem as delícias da vida.

Nesta cidade - Canavieiras - onde a riqueza e a pobreza viviam lado a lado, se destacavam aqueles que eram os mais ricos, os que tinham mais influência e os que ostentavam a maior riqueza. Tudo era uma forma de poder e tinham aqueles que se destacavam entre todos os demais.

No final do século XIX e início do século XX, a família Ribeiro era uma das mais poderosas da cidade e uma forma de ostentar o poder era através de fotografias, uma raridade em pequenas cidades do Brasil, tanto pelo custo, como também pela ausência de profissionais competentes que exercessem a atividade.

Luiza Ribeiro Barbosa, uma das damas da sociedade canavieirense no início do século XX, ao completar 15 anos, tirou esta foto, devidamente vestida com a última moda de Paris. Esta foto de autoria do fotógrafo Nicolau G. da Silva é um documento raro da época, onde os diamantes e o cacau enriqueceram Canavieiras que, com o dinheiro fácil foram levantados os principais pontos turísticos da cidade: o Cais do Porto, A Prefeitura Municipal e a Cadeia Pública.

domingo, 22 de abril de 2018

A Construção da Igreja de São Boaventura em Canavieiras

Final da Construção da Igreja de 
São Boaventura em Canavieiras


Durante a construção da Igreja de São Boaventura, em Canavieiras, infelizmente, houveram poucas fotos mas, algumas foram feitas e, por sorte, algumas chegaram até aos nossos dias e, por isto, ainda podemos ver, em parte, alguns detalhes da grande obra que foi realizada na década de trinta do século passado.

A construção da igreja foi custeada pelo povo de Canavieiras, principalmente pelos ricos coronéis do cacau que até então, dominavam a economia da cidade, com os fartos lucros que a cultura do fruto dos deuses lhe proporcionavam.

|Não é segredo para ninguém que a igreja, em dinheiro de hoje, custou muitos milhões de reais ou de dólares, dinheiro não faltava, tanto assim que a igreja foi construída em tempo recorde, para a alegria de todos e para a tristeza da antiga igreja, bem mais antiga, do início do século XIX, que foi demolida logo depois, com o beneplácito da arquidiocese de Ilhéus, o que hoje, equilave, para nós, a uma grande perda.

Mas, mesmo com esta grande perda, a nova Igreja de São Boaventura deixou um grande legado, pois é uma das grandes joias da arquitetura neogótica no sul da Bahia, tão bela quanto a do Convento da Soledade em Ilhéus, outra grande cidade do ciclo do cacau.

Quando você for a Canavieiras, a mais conservada cidade do ciclo do cacau do sul da Bahia, não deixe de visitar a Igreja de São Boaventura, uma joia dos maravilhosos tempos em que a riqueza do cacau dominava a cidade de Canavieiras, a cidade onde foi plantado o primeiro pé de cacau da Bahia.


Final da Construção da Igreja de São 
Boaventura em Canavieiras  

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Quadra de Selos de Pedro Álvares Cabral com Carimbo de 28-12-1908 dos Correios de Canavieiras

Quadra de Selos  de  Pedro  Álvares
Cabral com Carimbo de 28-12-1907
 dos Correios de Canavieiras


Desde há muito tempo os correios mantem uma agência em Canavieiras, a mais bela e conservada cidade histórica da fase áurea do cacau do sul da Bahia, mas agora não vamos falar da agência, mas dos selos que foram carimbados pela agência dos correios da cidade.

A quadra de selos de Pedro Álvares Cabral acima, tem o carimbo bem visível com data de 28-12-1907. O selo foi emitido em 1906 e ainda está bastante conservado. Esta quadra é rara, não conhecemos outra igual com o carimbo de Canavieiras, mesmo que com outra data.

Essa quadra não foi posta neste blog apenas por curiosidade, pois também é útil criarmos uma conscientização de que muitas coisas devem ser preservadas para serem admiradas pelas futuras gerações.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

A Avenida Beira Mar de Canavieiras no Ano de 1990

Avenida Beira-Mar de Canavieiras, quando
ainda era só um vasto areal - Ano de 1990 -

 Foto de Regis Silbar


A Avenida Beira-Mar de Canavieiras, sempre foi um lugar parasidíaco, com a sua vegetação típica de restinga, com milhares de coqueiros com cachos de cocos em abundância e diversas árvores frutíferas como caxandó e cajueiros que, na safra ficam carregados de frutos saborosos.

Há muitos anos, em 1990, a área onde hoje é a Avenida Beira-Mar, não passava de um vasto areal, onde os carros tinham até dificuldade de passar, muito diferente de hoje, onde uma grande extensão dela está pavimentada com um tipo de calçamento feito de lajotas de cimento.

Nesta época, a Avenida Beira-Mar já tinha muitas pousadas, algumas até com um certo requinte em sua simplicidade, rodeadas por um ambiente quase selvagem, mas de grande beleza, onde os pássaros  balançavam nos ramos dos coqueiros ao sabor dos ventos.

Muitos anos se passaram, mas a praia continua linda, dando um toque de felicidade a todos que a procuram, principalmente ao entardecer, quando o sol deixa as sombras dos coqueiros tocarem suavemente as ondas do mar. 

Avenida Beira-Mar de Canavieiras
em 1990, quando ainda era só um
vasto areal - Foto de Regis Silbar

quarta-feira, 11 de abril de 2018

As Cores da Igreja de São Boaventura em Canavieiras no Ano de 1990

Igreja de São Boaventura em 1990
 - Canavieiras-BA 


Em 1990, a Igreja de São Boaventura, em Canavieiras, apresentava uma das mais belas e harmoniosas conjugações de cores de sua longa história. Nesta época a igreja era totalmente branca com detalhes em amarelo ocre e com as suas portas, janelas, cúpula lateral e a moldura do vitral central em azul turquesa.

A Igreja de São Boaventura, nesta época, já estava com a sua praça modernizada, mas sem o muro que atualmente existe em seu lado direito e sem a construção paralisada e embargada pela cúria em seu lado esquerdo.

Essa construção que está paralisada em seu lado esquerdo, foi embargada pela cúria por denúncias apresentadas pelos devotos de São Boaventura em razão da mesma bloquear a visão do grande patrimônio histórico e religioso da cidade: a Igreja de São Boaventura.     

segunda-feira, 9 de abril de 2018

O Sindicato dos Estivadores de Canavieiras - Extinto em 26-07-1968

Professora Dorinha  e  Alunos do Sindicato dos
Estivadores de Canavieiras - Anos 50 ou Início
dos Anos 60 do Século XX  - Foto de Teophilo
Mourranhy


O Sindicato dos Estivadores de Canavieiras já teve os seus dias de glória, quando o Porto Grande, no Rio Pardo, recebia os navios do Lloyd Brasileiro e da Companhia Bahiana de Navegação para receberem, em seus porões, carregamentos de sementes do fruto dos deuses, o cacau.

O Sindicato dos Estivadores era uma entidade muito ativa na cidade, promovendo festas, inclusive religiosas e se dedicando, também, a atividades educacionais, pois mantinha, em suas dependências, uma escola de primeiro grau.

O sindicato funcionava em um prédio na Rua Barão de Cotegipe, conhecida também como Rua da Jaqueira, no Centro Histórico da cidade, bem próximo ao Cais do Porto, no Rio Pardo, onde os navios atracavam.

O Sindicato dos Estivadores funcionou enquanto os navios frequentavam com assiduidade o Porto Grande, no Rio Pardo, mas quando as estradas de rodagem começam a operar com segurança, o porto foi desativado e o sindicato entrou em colapso.

A Carta de Reconhecimento do Sindicato dos Estivadores de Canavieiras foi cassada pelo Ministério do Trabalho por despacho datado de 29 de dezembro de 1967 e publicado no Diário Oficial da União em uma sexta-feira, dia 26 de julho de 1968, na página 16 da Secção 1, decretando, assim, o fim oficial da entidade, que já não tinha mais razão de existir.


O Prédio Onde Funcionou o Sindicato dos
Estivadores de Canavieiras, em Seu Estado
 Atual
    







quarta-feira, 4 de abril de 2018

A Praça do Cacau no Centro Histórico de Canavieiras


Praça do Cacau - Canavieiras-BA - 2017 - Foto
 de 
Regis Silbar


A Praça do Cacau no Centro Histórico de Canavieiras, sempre foi um dos lugares mais tradicionais da cidade e sempre fez parte da vida cultural, religiosa e política da cidade, desde os tempos de seus primórdios como via pública.  

Era nela que se iniciava, terminava ou servia de passagem para as passeatas políticas, desfiles festivos-culturais tais como de blocos de carnaval, festividades cívicas e também para procissões religiosas.

Dia da Inauguração do Primeiro Açougue de
Canavieiras, o Açougue Municipal 


Não podemos esquecer que foi na Praça do Cacau que foi inaugurado o primeiro açougue da cidade, o "Açougue Municipal de Canavieiras. Aliás, lá também funcionou durante muito tempo o Açougue Dois Machados, cujo símbolo eram dois machados cruzados que ficavam no alto do seu frontispício.

A Praça do Cacau, era chamada até os primeiros anos da segunda metade do século XX, de Praça Doutor João Pessoa, mas por ser Canavieiras um grande produtor de cacau, ficou decidido que ela deveria ser chamada de Praça do Cacau, em homenagem aos dourados frutos dos deuses.

Praça do Cacau - Antiga Praça Doutor João
 Pessoa- Centro Histórico de Canavieiras-BA
 - Início da Segunda Metade do Século XX