Cruzador Bahia em Postal Datado de Março de 1929 - Arquivo Pessoal |
Durante a Segunda Guerra Mundial o Cruzador Bahia sempre navegava próximo ao litoral brasileiro para evitar que os submarinos alemães, que já tinham torpedeado vários navios mercantes, o levasse a pique antes de cumprir as suas missões em alto-mar. Das praias de Canavieiras, ele poderia ser visto, se o tempo permitisse, navegando para o norte do Brasil.
Ele foi construído no Reino Unido por Armstrong Whitworth e foi comissionado em maio de 1910 e apenas seis meses depois o navio já estava participando da Revolta da Chibata no Rio de Janeiro, ameaçando bombardear a cidade se suas exigências não fossem cumpridas. Entre as suas exigências, a principal delas era o fim dos castigos corporais impostos aos marinheiros (chibatadas).
Um navio comissionado é um navio considerado pronto para o serviço. Antes de ser agraciado com este título, no entanto, um navio deve passar por vários marcos.
Em meados de 1920 o Cruzador Bahia foi amplamente reformado, passando a ser movido a óleo diesel ao invés de carvão e ganhou, também, mais uma chaminé, passando a ter três, ao invés das duas originais. Também, nesta reforma, o cruzador ganhou novos armamentos.
O Cruzador Bahia cooperou, na Primeira Guerra Mundial, participando da Divisão Naval em Operações de Guerra, sediada em Serra Leoa e Senegal, escoltando navios mercantes e os que transportavam armas e mantimentos para as regiões em guerra. Este patrulhamento se dava em áreas fortemente guarnecidas por U-Boots (este termo em inglês era usado para designar quaisquer submarinos alemães na Primeira e na Segunda Guerra Mundial e em alemão era usado para designar quaisquer submarinos, não importando a nacionalidade).
Cruzador Bahia no Porto de Buenos Aires na Argentina em Postal Datado de 09-09-1931 - Foto de Arquivo Pessoal |
Na Segunda Guerra Mundial o Cruzador Bahia participou de operações de escolta de comboios na Campanha do Atlântico, navegando mais de 100.000 milhas náuticas em quase um ano de operações.
Quando terminou a Segunda Guerra Mundial, o Cruzador Bahia foi designado para participar como uma das estações navais - Estação Número 13 - próxima aos Penedos de São Pedro e São Paulo - que iriam monitorar os aviões que estavam deixando a Europa rumo ao Canadá e Estados Unidos, transportando os soldados que participaram da guerra de volta aos seus lares.
No dia 4 de julho foi ordenada a realização de exercícios de tiro e, para isso, jogaram ao mar, um alvo para ser atingido pelas metralhadoras durante os exercícios, mas antes de dos exercícios começarem o navio foi atingido por explosões que o levaram a pique, estando, atualmente, repousando a mais de 1000 metros sob a superfície marinha.
Provavelmente, o Cruzador Bahia foi levado a pique por algum submarino alemão que estava se dirigindo a Buenos Aires e se sentiu ameaçado com a presença do navio brasileiro. Esta versão atualmente é a mais aceita, pois, conforme relato dos sobreviventes, os exercícios de ainda não tinham começado quando ocorreram as explosões. Como se sabe, a Argentina serviu de refúgio aos nazistas que fugiram da Alemanha após serem derrotados pelas forças aliadas e, nenhum deles chegou de navio ou avião à Argentina. Todos chegaram de submarinos e o Cruzador Bahia estava justamente nas suas rotas.
Deste naufrágio morreram 339 tripulantes, sendo quatro de nacionalidade americana. Só se salvaram 36 marujos, que foram recolhidos pelo navio mercante inglês S/S Balfe no dia 8 de julho, depois dos sobreviventes ficarem 4 dias sob o sol sem comida e sem água.
Cruzador Bahia na Baia de Guanabara - Rio de Janeiro - em Bilhete Postal - Foto de Arquivo Pessoal |
Outra versão, de acordo com o relato de Jane Maria Perraro, filha de um sobrevivente, o Cruzador Bahia já tinha tido problemas com a caldeira logo após atravessar a Linha do Equador e, de noite ou de madrugada, se deu o naufrágio, ocasionado por uma forte explosão em uma das caldeiras do cruzador. O pai dela, na hora da explosão, estava em serviço, pois era operador de sonar. Quase toda a totalidade da tripulação, devido ao horário, estava dormindo ou descansando, em pontos do cruzador em que não era possível o salvamento após um naufrágio que, quase com certeza durou poucos momentos.
A maior parte da tripulação não conseguiu se salvar. O pai da nossa relatante, um dos poucos que tiveram a sorte de se salvar, se jogou ao mar e conseguiu embarcar em uma das balsas do cruzador que aparentemente se soltou do navio em razão do deslocamento de ar na hora da explosão, pois como o naufrágio foi rápido, não daria tempo de soltar as amarras das balsas salva-vidas, pois de houvesse tempo, boa parte da tripulação teria sido salva.
Depois de, por volta de sete dias à deriva, o pai da nossa relatante conseguiu chegar são e salvo ao litoral de Recife, em Pernambuco.
Estes fatos foram relatados muitas vezes pelo sobrevivente à sua filha,
inclusive no dia do seu falecimento e que agora fica, com o seu testemunho, para a posteridade.
inclusive no dia do seu falecimento e que agora fica, com o seu testemunho, para a posteridade.
Cruzador Bahia em Postal Datado de 1929 - Arquivo Pessoa - Colorizado por Regis Silbar |