quarta-feira, 28 de setembro de 2016

O Triste Fim do Cruzador Bahia: Torpedeado por um Submarino Alemão a Caminho de Buenos Aires

Cruzador Bahia em Postal Datado de Março de 
1929 - Arquivo Pessoal


Durante a Segunda Guerra Mundial o Cruzador Bahia sempre navegava próximo ao litoral brasileiro para evitar que os submarinos alemães, que já tinham torpedeado vários navios mercantes, o levasse a pique antes de cumprir as suas missões em alto-mar. Das praias de Canavieiras, ele poderia ser visto, se o tempo permitisse, navegando para o norte do Brasil.

Ele foi construído no Reino Unido por Armstrong Whitworth e foi comissionado em maio de 1910 e apenas seis meses depois o navio já estava participando da Revolta da Chibata no Rio de Janeiro, ameaçando bombardear a cidade se suas exigências não fossem cumpridas. Entre as suas exigências, a principal delas era o fim dos castigos corporais impostos aos marinheiros (chibatadas).

Um navio comissionado é um navio considerado pronto para o serviço. Antes de ser agraciado com este título, no entanto, um navio deve passar por vários marcos.

Em meados de 1920 o Cruzador Bahia foi amplamente reformado, passando a ser movido a óleo diesel ao invés de carvão e ganhou, também, mais uma chaminé, passando a ter três, ao invés das duas originais. Também, nesta reforma, o cruzador ganhou novos armamentos. 

O Cruzador Bahia cooperou, na Primeira Guerra Mundial, participando da Divisão Naval em Operações de Guerra, sediada em Serra Leoa e Senegal, escoltando navios mercantes e os que transportavam armas e mantimentos para as regiões em guerra. Este patrulhamento se dava em áreas fortemente guarnecidas por U-Boots (este termo em inglês era usado para designar quaisquer submarinos alemães na Primeira e na Segunda Guerra Mundial e em alemão era usado para designar quaisquer submarinos, não importando a nacionalidade).

Cruzador Bahia no Porto de Buenos Aires na Argentina em
Postal Datado de 09-09-1931 - Foto de Arquivo Pessoal 


Na Segunda Guerra Mundial o Cruzador Bahia participou de operações de escolta de comboios na Campanha do Atlântico, navegando mais de 100.000 milhas náuticas em quase um ano de operações. 

Quando terminou a Segunda Guerra Mundial, o Cruzador Bahia foi designado para participar como uma das estações navais - Estação Número 13 - próxima aos Penedos de São Pedro e São Paulo - que iriam monitorar os aviões que estavam deixando a Europa  rumo ao Canadá e Estados Unidos, transportando os soldados que participaram da guerra de volta aos seus lares.

No dia 4 de julho foi ordenada a realização de exercícios de tiro e, para isso, jogaram ao mar, um alvo para ser atingido pelas metralhadoras durante os exercícios, mas antes de dos exercícios começarem o navio foi atingido por explosões que o levaram a pique, estando, atualmente, repousando a mais de 1000 metros sob a superfície marinha.

Provavelmente, o Cruzador Bahia foi levado a pique por algum submarino alemão que estava se dirigindo a Buenos Aires e se sentiu ameaçado com a presença do navio brasileiro. Esta versão atualmente é a mais aceita, pois, conforme relato dos sobreviventes, os exercícios de ainda não tinham começado quando ocorreram as explosões. Como se sabe, a Argentina serviu de refúgio aos nazistas que fugiram da Alemanha após serem derrotados pelas forças aliadas e, nenhum deles chegou de navio ou avião à Argentina. Todos chegaram de submarinos e o Cruzador Bahia estava justamente nas suas rotas.

Deste naufrágio morreram 339 tripulantes, sendo quatro de nacionalidade americana. Só se salvaram 36 marujos, que foram recolhidos pelo navio mercante inglês S/S Balfe no dia 8 de julho, depois dos sobreviventes ficarem 4 dias sob o sol sem comida e sem água.

Cruzador  Bahia  na  Baia  de  Guanabara  -  Rio  de 
Janeiro - em Bilhete Postal - Foto de Arquivo Pessoal


Outra versão, de acordo com o relato de Jane Maria Perraro, filha de um sobrevivente, o Cruzador Bahia já tinha tido problemas com a caldeira logo após atravessar a Linha do Equador e, de noite ou de madrugada,  se deu o naufrágio, ocasionado por uma forte explosão em uma das caldeiras do cruzador. O pai dela, na hora da explosão, estava em serviço, pois era operador de sonar. Quase toda a totalidade da tripulação, devido ao horário, estava dormindo ou descansando, em pontos do cruzador em que não era possível o salvamento após um naufrágio que, quase com certeza durou poucos momentos.

A maior parte da tripulação não conseguiu se salvar. O pai da nossa relatante, um dos poucos que tiveram a sorte de se salvar, se jogou ao mar e conseguiu embarcar em uma das balsas do cruzador que aparentemente se soltou do navio em razão do deslocamento de ar na hora da explosão, pois como o naufrágio foi rápido, não daria tempo de soltar as amarras das balsas salva-vidas, pois de houvesse tempo, boa parte da tripulação teria sido salva.

Depois de, por volta de sete dias à deriva, o pai da nossa relatante conseguiu chegar são e salvo ao litoral de Recife, em Pernambuco.

Estes fatos foram relatados muitas vezes pelo sobrevivente à sua filha,

 inclusive no dia do seu falecimento e que agora fica, com o seu testemunho, para a posteridade.


Cruzador Bahia  em  Postal Datado de  1929 -
Arquivo Pessoa  - Colorizado por Regis Silbar 

10 comentários:

  1. versão inverídica sobre ofato, já amplamente esclarecido como acidente.

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  2. Meu pai estava neste navio . Foi um dos sobreviventes .

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  3. Concordo que esta história é inveridica , pois sou filho de um sobrevivente deste naufrágio, meu pai sempre me contou esta história deste que eu era pequeno, seu último dia de vida sentado em uma cadeira , contou toda novamente, ele sempre me disse que foi na noite ou madrugada o acidente, pois ele era operador de sonar e estava de serviço na hora do naufrágio, ele achava que teria sido uma explosão de caldeira.

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  4. O que está relatado não é o que o meu pai contava. Ele foi um dos sobrevive tes e a história não é essa. Sempre falou que após o navio atravessar a linha do Equador, o navio teve problemas com caldeiras. A maioria da tripulação estava dormindo, pois era madrugada. Ele foi um dos que se salvou em balsas, pois estava acordado e deu tempo de se jogar ao mar. Ficou por volta de 7 dias a deriva e foi parar no litoral de Recife.

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    1. Meu nome é Jane Maria Perraro, filha de um sobrevivente e fiz o relato acima.

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  5. Foi feito um acréscimo com os acontecimentos relatados pelo filho do tripulante do Cruzador Bahia que estava presente na ocasião do acidente.

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  6. A lista integral dos sobreviventes e mortos do Cruzador Bahia pode ser encontrada no Volume VI dos Subsídios para a História Náutica do Brasil e também nos anexos do livro "Flores do Mar: Os Naufrágios Navais Brasileiros na II Guerra Mundial".

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  7. Encontrei um livro constando uma anotação relacionado ao Cruzador Bahia. O senhor José luiz silva relata está internado no Hospital Centenário de Recife devido a tragédia do navio, ele faz um agradecimento de ter recebido esse livro de um amigo. Datado dia 11 de julho de 1945. Então fui fazer uma pesquisa e descobri o seu nome na lista dos sobreviventes do navio.

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