Página 1 do Manuscrito 512 - Digitali- zado pela Biblioteca Nacional do Brasil |
Página 2 do Manuscrito 512 - Digitali- zado pela Biblioteca Nacional do Brasil |
Em 1753 foi elaborado um manuscrito em forma de carta detalhando minuciosamente as ruínas de um grande e desabitado povoado, repleto de construções em forma arcos, pirâmides, obeliscos e casas se comunicando entre si e muitas inscrições de origem desconhecida, talhadas em pedras que se espalhavam pelo povoado.
Este manuscrito foi enviado às autoridades, provavelmente sediadas em Salvador, então capital do Brasil colonial. Com a chegada da Corte Portuguesa, toda a documentação do reino, arquivada em Salvador, foi transferida para o Rio de Janeiro, que ficou sendo a capital do Reino Unido Portugal, Brasil e Algarves.
Este manuscrito, hoje denominado "Manuscrito 512", ficou esquecido por quase um século, até que em 1839 foi encontrado casualmente pelo naturalista Manuel Ferreira Lagos entre os documentos arquivados na Biblioteca Pública da Corte, hoje Biblioteca Nacional do Brasil, sediada no Rio de Janeiro.
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Este manuscrito, quando descoberto, causou um enorme reboliço nos meios científicos do Brasil e várias expedições foram promovidas a fim de descobrir a localização da cidade e suas riquezas, já que foi encontrada, em suas ruínas, uma moeda de ouro, de origem desconhecida, com a imagem de um rapaz segurando um flecha.
Mas nada foi encontrado, pois naqueles tempos não existia os meios hoje existentes para a determinar a localização exata de qualquer lugar. Também não existia outros pontos de referência como cidades ou vilas nas proximidades, o que deveria facilitar a localização. A descrição foi feita através de pontos geográficos, tais como montanhas, cachoeiras e rios, todos eles sem nome, já que as explorações ainda estavam se iniciando e os acidentes geográficos ainda não tinham denominação.
Em 1849, a revista Razão, editada em Canavieiras, no sul da Bahia, publicou uma nota na qual o Brigadeiro José da Costa Bittencourt Câmara afirmava que o Manuscrito 512 era apócrifo, insinuando que ele não tinha nenhum valor. Ora, este brigadeiro não tinha razões para conhecer ou desconhecer os fatos porque, inclusive, não era nem ligado aos meios científicos nem pesquisador, muito menos explorador ou estudioso do assunto, assim, a sua opinião não acrescenta nada à versão do Manuscrito 512.
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Este documento - Manuscrito 512 - foi elaborado por uma das bandeiras - grupo de aventureiros que se dispunham a percorrer o Brasil em busca de riquezas - que estavam desbravando uma região entre o Rio Una, o Rio Pardo e o norte de Minas Gerais e ficava no alto de uma montanha, mas não havia uma descrição muito precisa do local, por falta de referências, devido ao relevo do local não apresentar muita diferenciação entre inúmeras regiões.
É muito difícil que este documento seja um delírio de um dos participantes da bandeira, já que as pessoas que participavam desta empreitada eram geralmente pessoas que não tinham uma vasta cultura e, por este motivo, provavelmente, não poderiam articular e descrever uma cidade com detalhes bem convincentes, inclusive os caracteres que, mais tarde, foram identificados pelo escritor Barry Fell como sendo semelhantes às escritas grego-ptolomaica, uma forma do egípcio demótico, havendo também trechos do alfabeto do escorpião, usado pelos caldeus para se referir a tesouros escondidos.
Bem próximo ao centro urbano de Canavieiras existe uma região, onde, segundo a descrição do Manuscrito 512, pode ser muito bem enquadrada. Esta região, segundo o relato, fica no alto, perto de cachoeiras e rios e dela, se avista uma grande cidade no litoral. Portanto essa região poderia ser a Serra da Onça, onde, de seu alto, em dias claros, se pode ser avistada a cidade de Canavieiras, no litoral, na foz do Rio Pardo.
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Essa grande cidade no litoral, mencionada no Manuscrito 512, poderia ser uma cidade que nos dias de hoje poderia ser considerada como pequena, mas para a época, onde os vilarejos não costumavam ter mais de cinquenta casas, uma cidade pequena hoje, seria considerada grande na época e, Canavieiras, embora pequena, era uma das maiores cidades do litoral sul da Bahia.
Tudo não passa de uma lenda? Não. Lendas não deixam documentação e o Manuscrito 512 existe e está depositado no setor de manuscritos raros da Biblioteca Nacional do Brasil e, além disto tudo, o modo de escrever e o linguajar do texto é característico do século XVIII, não deixando dúvidas quanto a sua autenticidade.
O documento, hoje apócrifo, pode não ter sido quando foi encaminhado às autoridades brasileiras no século XVIII. Quem guarda envelopes de correspondências hoje em dia, onde estão discriminados o destinatário e o remetente? Quase ninguém. Naquela época, também, era a mesma coisa, os costumes quase nunca mudam.
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Página 10 do Manuscrito 512 - Digitali- zado pela Biblioteca Nacional do Brasil |
Assim, o bandeirante que elaborou e encaminhou o manuscrito, com relatório tão detalhado, ficou anônimo com o passar dos anos e hoje, a sua história, não só desperta a nossa curiosidade, como também a nossa imaginação. O que você faria, se o acaso fizesse você reencontrar esta cidade há muitos anos novamente perdida?
Quando você, turista, for a Canavieiras, a Princesinha do Sul, na Costa do Cacau, não deixe de observar tudo detalhadamente. Quem sabe não caberá a você redescobrir a cidade perdida da Bahia e ficar famoso para sempre nos livros de história.
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