Primeira Comunhão na Década de Quarenta do Século XX em Canavieiras

Constancinha   em   01-06-1941   -    Primeira 
Comunhão em Canavieiras - Foto de Teophilo
 Mourranhy - Arquivo Pessoal Pessoal

Sendo uma cidade reconhecidamente de fé católica na primeira metade do século XX, a primeira comunhão dos adolescentes representava, como ainda representa, a cerimônia onde eles recebiam, pela primeira vez, o corpo e o sangue de Cristo, representados pelo pão e pelo vinho - hóstia é o nome dado ao pão da Eucaristia antes da sua consagração.

Era nesta ocasião em que, os meninos e as meninas, se vestiam impecavelmente de branco, cor que representa e paz e a inocência, e participavam da cerimônia, quase sempre coletiva, como manda a tradição, e recebiam a Primeira Eucaristia, um dos Sete Sacramentos.

Nesta ocasião a Igreja de São Boaventura, onde se realizava a Primeira Comunhão, também chamada de Primeira Eucaristia, se engalanava toda, com flores e fitas brancas enfeitando a passarela central da igreja e onde os familiares, sentados nos longos bancos, aguardavam o início da cerimônia.

Depois tinha a sessão de fotos, onde o adolescente era fotografado para a posteridade e logo depois a festividade tinha início. Nestes tempos era comum ter o Bolo da Primeira Comunhão, todo branco, geralmente de dois andares, que era servido quase no final da festividade, acompanhado de ponche ou guaraná. O ponche estava muito em moda em meados do século passado e, para as crianças a bebida alcoólica contida no ponche era substituída por xarope de groselha. 

José dos S. Protázio em 19-08-1942 - Primeira
 Comunhão  em  Canavieiras - Foto  de Arquivo
 Pessoal

Canavieiras Recebeu a Família Real da Suécia

Família Real da Suécia - Foto Garimpada na Internet 

A família real sueca ficou hospedada em Canavieiras, onde chegou no dia 18 de novembro e permaneceu na cidade até o dia 21 do mesmo mês. O rei Carlos XVI Gustavo, a rainha Sílvia e o príncipe Carlos Felipe ficaram hospedados na maravilhosa Ilha de Atalaia, que fica entre os Rios Pardo e Patipe e o Oceano Atlântico. 

É na Ilha de Atalaia onde estão localizadas as mais bonitas praias do Estado da Bahia e a família real sueca aproveitou a oportunidade para se deleitar com as magnificas paisagens da orla marítima, onde os coqueirais dão o maravilhoso ar de sua graça.

Além de passearam pela cidade, uma das mais representativas do ciclo do cacau e enriquecida pelos diamantes do Rio Salobro, eles participaram da pesca esportiva do marlim-azul, organizada pela Bahia Sport Fishing, empresa voltada para esta atividade esportiva.

No passado Maximiliano, Imperador do México, também esteve na cidade, então denominada Imperial Vila de Canavieiras, onde conheceu, em excursão, a então famosa Serra da Onça. 

Conheça Canavieiras, a Princesinha do Sul, a cidade que encanta reis e imperadores.       

Praia da Ilha de Atalaia, em Canavieiras, Onde a 
Família  Real  Sueca  Está  Hospedada  - Foto de 
Regis Silbar

As Festas Cívicas de Canavieiras na Primeira Metade do Século XX

Desfile Popular em Canavieiras - Veja na Esquina
 a Casa de Basílio Carneiro - Foto de Arquivo
 Particular

Canavieiras sempre teve os seus desfiles populares, englobando estudantes, escoteiros, filarmônicas, religiosos e o povo em geral. Estes desfiles sempre eram um grande acontecimento na cidade, com todos se mobilizando para o sucesso da realização.

Estes desfiles, quase sempre comemorativos, tinham um grande apelo, com todos prestigiando e dando o melhor de si para abrilhantar o acontecimento. Nesta época, era comum os homens acompanharem os desfiles usando ternos, sempre de cores claras, dando um toque de elegância ao desfile.

Os desfiles, sempre acompanhados por filarmônicas ou bandas marciais, já que quase todas as escolas a possuíam, iam espalhando as notas musicais pela cidade, atraindo o público para acompanha-los. Hoje, os desfiles já não são tão empolgantes como eram antigamente, mas continuam existindo, porém, em pequena escala.

O Carnaval de Canavieiras na Década de 50 do Século XX

Bloco dos Apaches - Carnaval de 1958 em 
Canavieiras - Foto Garimpada na Internet

Canavieiras, na década de 50 do século passado, tinha um carnaval que mobilizava toda a sua população e, além dos blocos formais, que desfilavam sob os olhares da população, tinha, também, os blocos formados por pequenos grupos de amigos e vizinhos que se animavam na tradicional festa.

Esses pequenos grupos, identificadoss por suas fantasias, participavam das festas com entusiasmo, desfilando e brincando nos bailes da cidade, que eram muito animados, com muito confete, serpentina e lança-perfumes, que na época não era proibido.

Hoje, os tempos são outros, mas ficaram as saudades e as recordações, imortalizadas em fotos feitas por máquinas fotográficas, que pareciam pequenos caixotes. Hoje, estas máquinas são apenas peças de museu, mas ajudaram muito a contar a história da cidade de Canavieiras.

Bloco dos Marujos - Carnaval de 1959 em 
    Canavieiras - Foto Garimpada  na Internet     

A Misteriosa Flor das Restingas de Canavieiras

A Misteriosa Flor das Restingas de Canavieiras
 - Foto de Regis Silbar

Entre todas as flores que compõem e embelezam a vegetação das restingas de Canavieiras, encontramos uma flor que nos impressionou bastante, quer por sua delicadeza, quer por sua beleza e quer, também, por sua extrema alvura. Essa flor, que não conseguimos identificá-la, por não constar nos livros e trabalhos, que consultamos, sobre a flora de restinga do sul da Bahia, permanece, para nós, como um mistério a desvendar.

Ela é bstante diferente de outras flores, pois tem o formato de um retângulo, com um ponto amarelo no local onde o talo se une à flor. As suas folhas, quando muito novas, possuem uma grande quantidade de pelos, que dão um toque especial e a caracterizam bastante.

A única da espécie que encontramos e fotografamos foi na Praia da Costa, na Ilha do Atalaia, e estava próxima a um coqueiro, na vegetação entre a linha de arrebentação e a Avenida Beira-Mar. Ela , a planta, tinha por volta de uns trinta centímetros e a flor uns três centímetros.

A flor, embora no meio da densa vegetação rasteira, se destacava por sua grande e peculiar beleza. Não é todos os dias que nos deparamos com uma flor pouco conhecida e, por este motivo, pedimos a quem a conhecê-la, que nos ajude a identificá-la, quer pelo nome popular ou pelo nome científico. Ficaremos grato e divulgaremos logo a seguir.  

A Escola do Lions Clube de Canavieiras em Meados do Século XX

Alunos  da  Escola  Lions Clube  de  Canavieiras,
 com a Escola ao Fundo - Foto de Arquivo Pessoal

Em meados do século passado, a Escola do Lions Clube de Canavieiras, que funcionava, na época, em um pequeno prédio de um bairro afastado do Centro Histórico, sempre teve uma missão: levar conhecimentos de qualidade à juventude canavieirense.

Naqueles tempos, não tão remotos, Canavieiras ainda era uma cidade que, apesar de rica, não dava a devida atenção à educação de sua população, preferindo gastar o dinheiro arrecadado em prédios suntuosos, que hoje formam o patrimônio arquitetônico da cidade.

Como podemos observar nas fotos, os alunos da escola do Lions Clube, sempre tiveram uma participação ativa na vida social da cidade, seja desfilando em paradas escolares, seja indo aos lugares que, de certa forma, representavam a cultura da cidade.    

Alunos  da  Escola Lions Clube  de Canavieiras 
com  a  Professora  Odette   Barbosa  em  Frente
  á  Sede  do Jornal Tabu - Foto Doada Pelo Jornal 

As Preciosidades Demolidas de Canavieiras

Canavieiras, embora seja uma cidade histórica do Ciclo do Cacau e do Diamante, já demoliu, por falta de visão e cultura dos seus governantes, muitos edifícios que embelezavam e contavam uma parte do passado da cidade.

Todos estes edifícios se situavam no Centro Histórico da cidade e compunham, conjuntamente com o casario ainda existente, o harmonioso conjunto arquitetônico que faziam da cidade de Canavieiras a tão famosa Princesinha do Sul.

Hoje, a única coisa que podemos fazer é lamentar estas perdas irreparáveis e torcer, para que no futuro, os prefeitos de plantão, não voltem a cometer desatinos e tornem, por ignorância, a querer modernizar a cidade, às custas de demolições de seus bens artísticos e culturais.

O atual prefeito, por exemplo, que já cometeu desatinos no passado, como o aterramento dos manguezais que emolduravam a cidade, já está se preocupando em desmantelar o passado da cidade, promovendo a urbanização do Centro Histórico de uma forma tão insensata, que talvez a Rede Globo não volte a usar mais a cidade como cenário de suas novelas.

Isto tudo é muito assustador, mas devemos levantar a voz contra estas barbaridades. Todo candidato a prefeito deveria fazer, no ato de sua candidatura, um exame de sanidade mental para não cometer desatinos contra a cidade por ele governada.

1 - Capela de São Boaventura em Canavieiras

Capela  de  São  Boaventura  -  Canavieiras-BA - 
Foto Histórica da Primeira Metade do Século XX

A capela, localizada na Praça da Bandeira, no Centro Histórico, com estrutura de igreja, já que era uma construção de grande porte, foi demolida quando da inauguração da atual Igreja de São Boaventura, uma das Sete Maravilhas de Canavieiras.

Hoje temos certeza que a sua demolição foi desnecessária, só não sabemos de quem partiu tal ordem, se do padre que batizava, casava e rezava as missas aos domingos ou do prefeito eleito pelo povo, mas não importa de quem partiu a ordem, o certo é que a cidade perdeu um precioso bem religioso, artístico e cultural.      

2 - A Cesta Original da Praça da Cesta

A Cesta Original da Praça da Cesta - Canavieiras-BA
 - Demolida - Foto Histórica da Primeira Metade do 
Século XX de Autoria de Teophilo Mourranhy

A cesta da foto, localizada na Praça da Cesta, no Cais do Porto, em Canavieiras, foi demolida no ano de 1971, portanto, muito recentemente, por um prefeito sem nenhuma noção de sua preciosidade. Esta ação de vandalismo oficial, muito lamentável, foi reparada na década de noventa do século passado, com a sua reconstrução, seguindo, no possível, as linhas de sua arquitetura original.

Este monumento, além de possuir um grande valor histórico, pois nela o falecido presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira discursou quando era candidato à Presidência da República, também tinha um grande valor cultural, pois participou ativamente de quase todas as comemorações populares.   

3 - Cine-Theatro Glória

Cine-Theatro  Glória,  Localizado na Praça da 
Bandeira - /Canavieiras-BA - Demolido - Foto 
Histórica da Primeira Metade do Século XX

O Cine-Theatro Glória, localizado na Praça da Bandeira, em Canavieiras, foi demolido para, em seu lugar, ser construída uma agência do Banco do Brasil. Um prédio feio, tipo caixote, que nada tem a haver com a característica arquitetura do Centro Histórico da cidade.

A sua demolição e substituição por uma agência do Banco do Brasil, de arquitetura padronizada para qualquer lugar onde fosse construída, não foi boa para a cidade, pois além de não se harmonizar com as construções do Centro Histórico, deixou a cidade órfã de um Centro Cultural.

O Banco do Brasil, que tanto protege as artes e os prédios históricos, segundo sua própria propaganda, deveria suavizar as linhas de sua agência para que a mesma se integre ao Centro Histórico. O Banco de Brasil deve isto à cidade de Canavieiras.  

4 - Grupo Escolar 12 de Outubro no Centro Histórico

Grupo Escolar 12 de Outubro - Canavieiras-BA -
  Prédio com Dois Pavimentos - Demolido - Foto 
Histórica da Primeira Metade do Século XX 

O prédio de dois pavimentos onde funcionou durante muitos anos o Grupo Escolar 12 de Outubro, em Canavieiras, também teve um triste fim, foi demolido quando o grupo escolar foi transferido para a sua nova sede, próxima à Igreja de São Boaventura.

Ele era, então, um dos poucos prédios com mais de um pavimento existentes na cidade, e a sua arquitetura, típica dos tempos áureos do cacau, se harmonizada plenamente com a do Centro Histórico, do qual era parte integrante.  

5 - Santa Casa de Misericórdia de Canavieiras

Antiga Santa Casa de Misericórdia de Canavieiras
 - Depois de Uma Reforma, Equivalente a Uma 
Demolição, Passou a Funcionar no Local Uma 
Escola de Hotelaria

Este maravilhoso prédio histórico, onde funcionou a Santa Casa de Misericórdia, o primeiro hospital de Canavieiras, sofreu uma reforma tão vandalizadora, com o aval da Prefeitura de Canavieiras, que o deixou totalmente descaracterizado e irreconhecível.

Seria muito mais benéfico para a cidade e para a sua história se a reforma efetuada não fosse tão ampla, pois o patrimônio histórico ficou tão descaracterizado que nada lembra aquele prédio belo com a arquitetura dos tempos áureos do cacau.   

          

A Igreja de São Boaventura, em Canavieiras, no Último Ano da Primeira Metade do Século XX

A Igreja de São Boaventura em Dia de Festa em 
1950 - Foto Garimpada na Internet

A Igreja de São Boaventura foi inaugurada em 1932 e, dezoito anos depois, em 1950, já em sua maioridade, continuava a reunir a população de Canavieiras, até então, quase toda católica, em suas grandiosas festas que, quase sempre eram patrocinadas pelas famílias tradicionais da cidade.

No último ano da primeira metade do século XX, a Igreja de São Boaventura era bem visível em todos os ângulos, pois não haviam construções em suas proximidades. Hoje, só a sua parte frontal é bem visível a todos, ao contrário de suas laterais, que ficam meio escondidas e os fundos, que embora muito bonito, ninguém vê.

Podemos notar, que em 1950, havia um pequeno muro, hoje demolido, em suas laterais, semelhante ao que ainda existe na parte frontal da igreja.

No final parte lateral havia uma porta,  que depois foi fechada com tijolos e argamassa, descaractizando o projeto original da igreja. Foi grande pecado, mesmo se cometido por um padre.

Atualmente a igreja está muito bem conservada, mas não continua a ter as grandes comemorações e festas do passado, pois os tempos são outros e grande parte da população se converteu e frequentam igrejas evangélicas.        

A Milagrosa Lama Negra de Canavieiras

Grupo  de  Turistas  na  Lama  Negra  da Ilha 
das Garças em Canavieiras - Foto Garimpada
 na Internet

O Município de Canavieiras é composto de diversas ilhas, tanto fluviais, onde está localizada a própria cidade, quanto também marítimas-fluviais. Estas ilhas formam o paraíso terrestre de Canavieiras e, para completar o paraíso, uma delas possui uma grande riqueza: a Lama Negra.

É na Ilhas das Garças, um lugar maravilhoso, onde está o grande depósito da Lama Negra. Essa lama, medicinal por excelência, é indicada para as mais diversas enfermidades, tais como reumatismo, artrose e também problemas de pele.

Esta lama, por conter uma quantidade suficiente de enxofre, é bactericida e fungicida, eliminando as bactérias e fungos de peles de pessoas portadoras de alguns tipos de parasitas, curando, por exemplo, vários tipos de micose.

É fácil chegar até a Ilha das Garças. No Cais do Porto de Canavieiras, várias embarcações estão disponíveis para levar os interessados até o local onde está localizado o depósito da Lama Negra. As embarcações aguardam até a volta dos participantes da excursão. 

Além do mais, não é só a Lama Negra que você vai ver. Lá existe um grande banco de areia que, quando a maré está baixa, se torna um verdadeiro  e deslumbrante paraíso, com pequenas lagoas, nas quais peixinhos ficam aprisionados, aguardando até a maré voltar a subir.

Quando você for a Canavieiras, não deixe de ir visitar a Lama Negra da Ilha das Garças, pois além de ficar muito próxima ao Centro Urbano é um passeio maravilhoso e com preços convidativos. Mas não deixe de levar bastante água mineral, no mínimo duas garrafinhas por pessoa, pois lá não há bares nem vendedores ambulantes para saciar a sede dos sedentos.

Visite Canavieiras a "Princesinha da Costa do Cacau".

   

O Antigo Cinema da Praça da Cesta em Canavieiras

No Lado Esquerda da Foto, no Prédio de 
Esquina,  Podemos  Ver  a  Inscrição  Bar
 e Cinema - Foto Garimpada na Internet

Em meados do século passado, a Praça da Cesta, em Canavieiras, já teve também o seu cinema. Ele ficava na esquina da rua que liga a Praça da Cesta à Praça do Cacau. Era um cinema simples, típico de uma cidade do interior, mas mesmo assim cumpria plenamente a sua função: entreter os habitantes da cidade.

O cinema funcionava no mesmo prédio onde funcionava um bar. Assim, o proprietário do cinema, ganhava com a venda dos ingressos e ganhava também com a venda de refrigerantes, doces, balas e outras gulosemas para as pessoas que iriam assistir aos filmes.

A Praça da Cesta, na época do cinema, era um lugar bem bucólico e tranquilo, como continua a ser até hoje, mas, quando o cinema tinha sessão, a praça se transformava, e poderíamos ver grupinhos de mocinhas e rapazes circulando pela praça, uns olhado para os outros.

Apenas para quem não viveu nesta época, indicamos que observem o burrico no lado inferior esquerdo da foto. Ele carrega duas barricas de água. Era assim que o aguadeiro transportava a sua mercadoria, a água, para ser vendida pela cidade, já que a cidade não possuia água encanada.

Hoje, tanto o cinema como o bar não existem mais. O prédio foi reformado, passando a ter as características do ciclo áureo do cacau, deixando de ter a arquitetura que harmonizava com o restante do casario do cais do porto - linhas simples sem excesso de enfeites.

Atualmente é até difícil acreditar que naquele lugar já existiu um cinema, pois nada mais lembra o lugar que já abrigou pequenas multidões assistindo filmes de aventuras e de amor e filmes de bandido e mocimho em suas movimentadas matinés.  

O Cais do Porto de Canavieiras em 1960

Cais do Porto de Canavieiras  no Ano de 
1960 - Foto Garimpada na Internet

O Cais do Porto de Canavieiras nos anos iniciais da década de sessenta do século passado não era considerado como uma preciosidade histórica e cultural, embora já formasse um conjunto arquitetônico belo e harmonioso.

Nesta época, o Cais do Porto era o centro nervoso e comercial da cidade de Canavieiras, onde tudo acontecia e poderia acontecer. Seu porto era movimentado e o cais de pedra já estava construído há algum tempo. A rua não era calçada e as gramas nasciam intercaladamente no solo arenoso que tinha sido coberto por uma camada de aterro para que a via fosse nivelada na altura dos prédios que era a mesma da do cais.

Os prédios, hoje bem recuperados e bem conservados, já mostravam, nesta ocasião, os sinais do tempo, pois a maioria deles tinham em torno de sessenta anos de idade, já que foram construídos ou um pouco antes ou um pouco depois do início do século XX.

Toda a orla do Cais do Porto, na década de sessenta do século passado, era ocupada por lojas e armazens gerais, onde era vendido de tudo, desde secos e molhados até ferramentas e desde defensivos agrícolas até roupas e outros itens de utilidades domésticas.

Atualmente, a orla do Cais do Porto entre a Praça da Cesta e a Rua do Brejo  é toda ocupada por restaurantes e lojas de artesanato, voltados, principalmente, à atividade turística. A outra parte. entre a Rua do Brejo e a Rua da Jaqueira, ainda não foi recuperada e mostra sinais de abandono e decadência.

Mesmo assim, não há nada melhor, em Canavieiras, a Princesinha do Sul, do que passear pelo Cais do Porto, contemplando a Ponte do Lloyd, e imaginando como teria sido o passado daquele lugar às margens do Rio Pardo.

Cais do Porto de Canavieiras, em Dias Atuais
 - ao Amanhecer - Foto de Regis Silbar 

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Veja a Casa em que Morou o Escritor e Acadêmico Afrânio Peixoto em Canavieiras

A Casa em que Morou Afrânio Peixoto em 
Canavieiras - Praça do Cacau Esquina  com 
Rua Marechal Deodoro  - Centro Histórico

Está na Praça da Bandeira, no Centro Histórico de Canavieiras, a casa em que morou Afrânio Peixoto, um dos maiores escritores brasileiros e membro da Academia Brasileira de Letras, na qual foi o terceiro ocupante da cadeira número sete.

Ele nasceu em Lençóis, no sertão baiano, em 17 de dezembro de 1876 e em 1885 a sua família se mudou para Canavieiras, onde ele passou a infância. Já rapaz, partiu para Salvador, onde aos 21 anos (1897) se formou em Medicina.

Começou a exercer a profissão de médico em Canavieiras, onde a sua família, com muitos recursos, providenciou todos os equipamentos necessários para que ele se estabelecesse. No entanto, ficou pouco tempo na cidade, se mudando, logo após para o Rio de Janeiro.

Já membro da Academia Brasileira de Letras, Afrânio Peixoto intercedeu junto ao governo francês para que o Petit Trianon, usado pela França como pavilhão na Feira Mundial de 1922, fosse doado à Academia , o que de fato ocorreu.

Hoje quem visita Canavieiras, passa indiferentemente em frente à casa de um dos seus mais ilustres moradores, sem imaginar, que ali, viveu Afrânio Peixoto, pois não há nenhuma placa que indique tal fato, o que devemos lamentar.

População de Canavieiras-BA - Censo do IBGE de 2010

Vista Aérea de Canavieiras - Foto Garimpada
 na Internet

Segundo o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a população do Município de Canavieiras em 2010 era de 32.336 habitantes e estava distribuída da seguinte forma:

- Canavieiras - Sede do Município...........  26.092

- Ouricana - Distrito..................................    3.992

- Poxim do Sul - Distrito...........................    2.252

O Navio Cachoeira no Porto Grande, em Canavieiras

O Navio Cachoeira, na Ponte da Bahiana,
 no   Porto  Grande,   em  Canavieiras,   em 
1965 - Foto Garimpada na Internet

Até meados do Século XX, quando Canavieiras ainda não era ligada por estradas com o resto do Brasil, o Porto Grande, no Rio Pardo, era muito movimentado, recebendo navios de porte médio, que transportavam as riquezas que a cidade produzia, entre elas, o cacau e a piaçava.

Entre os navios que frequentavam o porto da cidade, estava o Cachoeira, que pertencia à Companhia Bahiana de Navegação e atracava sempre na Ponte da Bahiana, no Rio Pardo, de propriedade da própria companhia.

Hoje em dia o Porto Grande não recebe mais nenhum navio, mas as lembranças continuam, mesmo que sejam através de fotos ou mesmo de recordações. As recordações são individuais, mas as fotos permanecem para a posteridade, não deixando morrer a história de Canavieiras.

O Vendedor de Caju nas Ruas de Canavieiras

Vendedor de Caju - Foto Garimpada na Internet

Cajueiro, cajueiro, gritava ele ao passar pelas portas abertas e entreabertas das residências da antiga Canavieiras, no século passado, para anunciar as suas deliciosas frutas colhidas em cajueiros nativos próximos às praias da Ilha de Atalaia.

Era assim que era anunciado o caju pelas ruas da cidade de Canavieiras, através da figura simpática do Vendedor de Caju, que era aguardado ansiosamente por todos que apreciavam o paladar delicioso que aquela fruta oferece.

Cajueiro - Anacardium Occidentale - Muito
 Difundido nas Ilhas que Formam a Cidade
 de Canavieiras - Foto Garimpada na Internet

Conhecido cientificamente pelo nome botânico de Anacardium Occidentale, o cajueiro é originário do Norte e Nordeste do Brasil, portanto, ele também é nativo de nossa região, onde ele se desenvolve plenamente, dando frutos de tamanho acentuado e castanhas de ótima qualidade.

O vendedor transportava os frutos do cajueiro, amarrados individualmente por uma fibra vegetal, que geralmente era de alguma palmeira, que eram agrupadas em uma roda de muitas unidades, que era denominada corda, estas cordas eram acondicionadas em uma vara que era apoiada no ombro, com cordas de caju de um lado e do outro, servindo de contrapeso para o transporte.

Partes do Cajueiro - Foto Garimpada na Internet

 

O Casario do Histórico Cais do Porto de Canavieiras

Casario do Cais do Porto de Canavieiras - Foto 
de Regis Silbar

O casario do Cais do Porto de Canavieiras é um dos conjuntos arquitetônicos mais belos e representativos do final do Século XIX e início do Século XX de todo o Estado da Bahia. Ele é completo, todo o casario é daquela época, não tento, portanto, outra arquitetura senão a original, pois não houve demolições.

Este conjunto arquitetônico, de tão original e sem alterações desde o início do Século XX, faz parte das Sete Maravilhas de Canavieiras e é um dos pontos turísticos mais visitados da cidade, tanto por sua beleza, quanto também pelo seu valor histórico.  

Casario do Cais do Porto de Canavieiras - Foto
 de Regis Silbar

Neste belo recanto da cidade, os prédios históricos estão repletos de bares e restaurantes onde os turistas e moradores passam o tempo admirando a bela paisagem do Rio Pardo, o rio que deu vida à cidade e que recebia os navios que transportavam as riquezas da cidade.

Este trecho do centro foi tão importante no passado de Canavieiras que até a Intendência Municipal, nome dado à antiga prefeitura, estava localizada na orla do Rio Pardo, um dos lugares mais movimentados e elegantes da cidade. 

Casario do Cais do Porto de Canavieiras - Foto
 de Regis Silbar

Até meados da segunda metade do século passado essa região do Centro Histórico de Canavieiras era a alma da cidade, recebendo muitos navios mercantes e também navios de passageiros, que aportavam nos ancoradouros que existiam no Rio Pardo.

Entre estes navios podemos destacar o Canavieiras, o Dois de Julho e o Camacan, que frequentavam constantemente o Porto Grande, nome com que era designado o Porto de Canavieiras, que era um dos mais movimentados do Estado da Bahia.

Casario do Cais do Porto de Canavieiras - Foto
 de Regis Silbar

Este belo e histórico conjunto arquitetônico já esteve quase em ruínas mas, no final do século passado ele foi recuperado, voltando a ter o esplendor de seus tempos áureos e se firmou como o mais completo e harmonioso conjunto arquitetônico da Bahia, com todos os seus prédios originais.

Atualmente o Conjunto de Casarios Históricos do Cais do Porto de Canavieiras tem a nobre função de receber e maravilhar os turistas que visitam a cidade e serve de cenário para as fotos que irão preencher as nossa lembranças. Visite Canavieiras, a Princesinha do Sul.  

Casario do Cais do Porto de Canavieiras - Foto
 de Regis Silbar

Campo de Aviação - O Aeroporto de Canavieiras

O Campo de Aviação - Em Algum Momento 
da  Prirmeira  Metade  do  Século  XX - Veja 
Avião de Carreira na Esquerda do Ponto Central
 - Foto de Arquivo do IBGE

Canavieiras já teve, durante um grande período do século XX, um dos aeroportos mais movimentados do Estado da Bahia e que era chamado, carinhosamente, pelos canavieirenses, de Campo de Aviação.

Antigamente, quando começava o aeroporto acabava a cidade, mas hoje não é bem assim, pois o aeroporto está praticamente dentro do centro urbano mas, infelizmente, o aeroporto não tem mais serventia nenhuma, pois nenhuma companhia de aviação o usa em suas rotas comerciais.

Em seus tempos áureos, quando a cidade ainda não tinha ligação terrestre com o resto do país, as grandes companhias aéreas de então, tais como: Cruzeiro do Sul, Panair do Brasil, Varig e Real, usavam o Aeroporto de Canavieiras em suas escalas comerciais.

As suas instalações eram muito simples, se resumindo a três principais construções, sendo uma para os passageiros aguardarem a hora do embarque nas aeronaves e era provida de alguns bancos de madeira, outra construção era um pequeno bar que vendia refrigerantes e guloseimas para passageiros e pessoas que aguardavam o embarque ou desembarque de parentes ou amigos e a outra construção era, aparentemente, da administração do aeroporto e também para uso das companhias aéreas.

Naqueles anos de ouro de Canavieiras, os aviões que decolavam do aeroporto, ligavam a cidade com os grandes centros do país, inclusive Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. Eram viagens cansativas e demoradas, com os aviões fazendo muitas escalas em diversos aeroportos até o final da rota prevista.

Em meados do século passado os aviões eram muito importantes para a cidade pois, até para se deslocarem à Belmonte, cidade a poucos quilômetros de Canavieiras, o meio mais econômico e viável era o avião e, neste caso, o avião nem chegava a ganhar altitude pois, quando decolava já se preparava para aterrissar. A viagem não durava mais do que alguns poucos minutos.          

Aeroporto  de  Canavieiras em 1950, também chamado de Campo de Aviação ou Campo de Pouso - Veja Inscrição na parte baixa do muro - com sua simples instalações

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Canavieiras - O Navio que Inaugurou o Porto de Salvador

O Navio Canavieiras Atracado no Porto de 
Salvador em 17-07-1911 - Foto  Garimpada 
na Internet

O navio da Companhia Bahiana de Navegação, que levava o nome de nossa cidade, Canavieiras, protagonizou em 17 de julho de 1911, em meio a uma grande festividade, o primeiro atracamento no Porto de Salvador, ainda em construção, que só seria inaugurado oficialmente em em 13 de maio de 1913.

Este navio, desativado em 1962, frequentava periodicamente o Porto Grande, no Rio Pardo, em Canavieiras, onde desempenhava a sua nobre função, transportando passageiros e cargas, especialmente os grãos de cacau, a antiga grande riqueza da cidade.

Pela grande multidão presente no Cais do Porto de Salvador, que estava sendo construído conforme projeto da Companhia Cessionária das Docas do Porto da Bahia, o fato teve uma grande importância para a cidade de Salvador.

O navio Canavieiras, depois de desativado foi vendido, juntamente com o navio Ilhéus, como sucata, pondo fim a uma era em que os navios mercantes cruzavam o litoral do Brasil, movimentando tanto os pequenos como os grandes portos.

A Praça da Bandeira em Canavieiras: A Origem do Nome

Praça da Bandeira com o Mastro, no Meio da 
Praça, Onde a Bandeira era Hasteada em Dias
 Festivos - Foto Garimpada na Internet

A Praça da Bandeira, no Centro Histórico de Canavieiras, é um dos poucos logradouros da cidade onde o nome original, de origem popular, ainda permanece e é reconhecido oficialmente pela prefeitura, caso raro em nossa cidade, pois quase todos os nomes originais dos logradoduros foram substituídos por nomes de políticos que não beneficiaram a cidade, mas se beneficiaram com o cargo, fato este que entristece e envergonha uma grande parte dos canavieirenses.

A Praça da Bandeira, que resistiu heroicamente através dos tempos, deve o seu nome ao grande mastro fincado bem no seu centro, durante a primeira metade do Século XX, e onde, em dias festivos, era hasteada, solenemente, a Bandeira Nacional.

A foto acima data do Natal do ano de 1936 e a grande fila, formada aparentemente apenas por mulheres e crianças, era para o recebimento de presentes natalinos,  oferecidos pela prefeitura à população de baixa renda, os quais, possivelmente, deveriam ser superfaturados. 

Os Santos Consagradores de Canavieiras

Nossa Senhora da Conceição - Igreja Matria de São
Boaventura - Canavieiras-BA - Foto de Regis Silbar

São Boaventura é o Santo Padroeiro da cidade de Canavieiras desde quando foi criado o Orago de São Boaventura do Puxim de Canavieiras, através de Alvará Régio, datado de 11 de abril de 1718, portanto, no início do século XVIII.

Contudo, devido à grande religiosidade do povo canavieirense, a cidade foi consagrada oficialmente, no ano de 1965, à Nossa Senhora da Conceição, através de lei sancionada pelo executivo municipal. Em 1968, a cidade foi consagrada,  também através de lei sancionada, ao Sagrado Coração de Jesus.

As imagens dos santos consagradores da cidade de Canavieiras estão em altares localizados nas laterais da nave central da igreja, protegendo os fieis e recebendo as orações de todos os católicos canavieirenses. 

Sagrado Coração de Jesus - Igreja de São
Boaventura - Canavieiras-BA - Foto de
Regis Silbar

O Aguadeiro - Uma Antiga Figura Tradicional em Canavieiras Até Meados do Século Passado

O Aguadeiro - Uma Figura Tradicional em 
Canavieiras Até Meados do  Século Passado

Aguadeiro, aguadeiro, gritava o vendedor de água pelas ruas da cidade de Canavieiras até meados do século XX, divulgando a sua nobre mercadoria para que todos ouvissem. Era assim que o aguadeiro trabalhava, para vender o seu produto aos interessados.

Canavieiras, naquele tempo, não tinha água encanada e as pessoas, para se abastecerem com uma água de qualidade, usavam os serviços dos aguadeiros, que cruzavam as ruas da cidade, com um jumento carregando quatro toneis de madeira, sendo dois de cada lado, cheios de água e fechados por uma rolha.

Esta água, devido ao seu preço, era usada somente para beber e preparar as refeições, para as demais necessidades a água utilizada era a água da chuva, captada em recipientes que ficavam embaixo das calhas que escoavam as águas das telhas.

Também eram utilizadas bombas d'água de tração humana, já que nesta época a eletricidade não era fornecida de forma contínua na cidade - ela chegava ao anoitecer e ficava até às dez horas da noite - porém esta água não era de boa qualidade, pois por não existir captação de esgotos na cidade, quase sempre a bomba d'água ficava nas proximidades da fossa.

Quando começou a distribuição de água encanada pela cidade, a profissão de aguadeiro acabou rapidamente em poucos dias, mas restaram as lembranças, pois o passado deixa sempre lembranças, sejam elas boas ou más. 

Santa Casa de Misericórdia de Canavieiras - Um Primor de Beleza e Simplicidade

Santa Casa de Misericórdia de Canavieiras - 
Foto Garimpada na Internet

Um dos prédios mais belos e representativos dos primórdios da cidade de Canavieiras é o da extinta Santa Casa de Misericórdia, que ficava em uma esquina próxima a atual ponte que liga a Ilha de Canavieiras à Ilha de Atalaia, onde ficam as praias mais espetaculares do sul da Bahia.

Este prédio, que serviu de abrigo ao único hospital da cidade durante muitos e muitos anos, ainda continua no mesmo lugar, contudo, ele está inreconhecível, devido à reforma que foi feita em sua fachada, destruindo toda a sua beleza externa.

Se olharmos com uma melhor atenção a fachada do prédio onde funcionou a Santa Casa de Misericórdia, podemos observar que ele tem uma semelhança muito grande com o prédio onde funcionou a antiga Cadeia Pública, hoje Biblioteca Municipal.

A semelhança entre as duas construções é muito grande, inclusive na parte central de ambos os edifícios e também na sua parte superior. Se o prédio da Santa Casa de Misericórdia ainda estivesse com as suas características originais seria uma grande atração turística para a cidade, que tem o mais conservado conjunto arquitetônico da fase áurea do cacau de todo o Estado da Bahia.